21 julho 2006

Pare o mundo que eu quero descer!

Astor Wartchow
Advogado

Nestes dias correntes de amores desertos, vidas insanas e atos desesperadores, quem já não se sentiu como num ônibus desgovernado, morro abaixo? Submetidos delirantemente à anestesia geral e coletiva, nosso delírio/esperança/otimismo é absolutamente cego, mudo e surdo às circunstâncias que nos cercam – aliás, cercas aramadas e elétricas que cercam as circunstâncias cotidianas da vida real feita de desemprego, miséria, inveja, fome, mentiras eleitoreiras, desestruturação do senso coletivo, assassinatos em massa, trânsito mortal, deseducação, invasões bélicas humanitárias(sic), metáforas, metonímias e metástases assassinas, frutos deste século esquisito, desta estúpida modernidade politica e pretensamente correta, que faz, veja só!, ressurgir das cinzas a santa inquisição do racismo, da intolerância étnica e religiosa, mas é também a era dos namoros virtuais e “ficantes” (ex-amizade colorida), das crianças consumistas e erotisadas, da ditadura da nova estética de bundas e peitos siliconados e caras botoxadas e meninos anabolizados, da hegemonia do mundo irreal que mandou às favas a realidade e nossas circunstâncias pessoais, liquidificando nossas existências.
Alguém pare o mundo que eu quero descer!