27 março 2009

Um milhão é pouco!

Assim é a política nacional. Os mais velhos dizem que sempre foi assim. Promessas, promessas e mais promessas. O anúncio de uma obra é instantâneo. Fazer a obra são “outros quinhentos”.
Prazos não são cumpridos. Pontes e viadutos no meio do nada. Os recursos financeiros saem de tudo que é canto como que por encanto. Só no papo, lógico.
Anúncios gigantescos em jornais e revistas. Espaço publicitário na televisão. Até placas com intenção de obras são inauguradas, pomposamente.
Tudo no papel, tudo no ar. Nada é real. Real é apenas o dinheiro do contribuinte gasto para festas, recepções e anúncios cinematográficos.
Agora, por exemplo, o Presidente Lula reuniu a imprensa e disse que iria construir um milhão de casas. Assim mesmo, sem mais, nem menos. Um milhão de casas!
Coincidentemente, já estamos em processo eleitoral deflagrado. O presidente já anunciou a sua candidata. Então, o plano habitacional é o PAC da Dilma. Plano de Aceleração de Candidatura da Dilma.
Mas disse mais o presidente Lula, naquele tom definitivo e próprio dos enviados dos deuses e predestinados. “Não me cobrem prazos!”.
Quer dizer, disse por que quis, tudo que quis, como quis e ainda fica brabo se alguém pergunta: “quanto, como e quando?”
Mas vamos aos fatos e às perguntas objetivas. Com que dinheiro, com que terrenos? Segundo o plano, estados e municípios deverão apresentar e doar terrenos para a construção.
Estados e municípios também deverão fazer aportes financeiros, infraestrutura e desoneração fiscal em tributos como ICMS, ITBI, ISS, ITCD, além de agilização na aprovação de projetos, alvarás, autorizações e licenças.
Os gênios palacianos esquecem que nos termos propostos, com a participação de estados e municípios, quer para modificação e criação de leis, quer para a doação de terrenos, faz-se necessária discussão, tramitação e aprovações legais.
Quanto aos terrenos a coisa não é assim tão simples. Há dispositivos legais de avaliação e desapropriação, por exemplo. Sem contar a especulação.
Mas voltando ao mágico de Brasília. Claro que um negócio desse porte – um milhão de casas, vai gerar um belo cadastro nacional. Muito útil em ano eleitoral.
Só para lembrar: a carência habitacional brasileira é de oito milhões de moradias. Trabalho dobrado para o Tribunal Eleitoral que deverá fiscalizar para que o cadastro não seja meio de captação de votos.
Sentado em cima de montanhas de dinheiro, fruto da maior carga tributária do planeta, mesmo assim o presidente Lula quer fazer uma revolução com dinheiro alheio!
Um milhão de casas em um ano é o que quer o Presidente. Lembrou disso agora, depois de seis anos de governo. Na véspera da próxima eleição presidencial.
Puxa, Presidente Lula, não seja modesto. Faz logo dois milhões de casas!

20 março 2009

181 Diretorias e 81 "Anões"

181 diretores e 81 “anões”

Esse tragicômico despertar do gigante adormecido – refiro-me ao Senado – e suas 181 diretorias e seus 81 “anões”, é apenas mais um episódio no conjunto da espoliação de um povo escravizado na sua ignorância.
Diferente não é na Câmara dos Deputados, nas Assembléias Legislativas e na maioria das Câmaras de Vereadores. Nos Tribunais de Justiça e de Contas. E nos executivos municipais, estaduais e federal!
Os sucessivos escândalos relacionados à apropriação de bens e dinheiro público têm em comum um fato, uma característica, que merece mais reflexões e análises.
Objetivamente, refiro-me à indiferença e omissão de autoridades e instituições cuja tarefa precípua seria justamente observar a impropriedade de determinadas operações, despesas e a desproporção de valores.
Sucedem-se as transações expressivas e suspeitas como se não houvesse outro brasileiro na outra extremidade do balcão, do negócio, da operação. Uma autoridade, uma chefia superior, ou uma instituição, responsáveis pela conferência e vigilância. E o que ocorre?
Ocorre que tudo é ignorado, olimpicamente, por uma razão muito singela: é o dinheiro dos outros, público ou privado, é dinheiro dos outros. E o dinheiro dos outros, safadamente, é doce de gastar, dilapidar e usurpar!
Como explicar e admitir que ninguém mais observe, com olhos de razão e ponderação, a desproporção de valores, de despesas e do número de servidores?
Aliás, nos dias atuais não requer muito estudo, escolaridade, conhecimento, leitura de jornais e classificados, compra em supermercados, para se saber o preço médio e razoável de qualquer coisa.
Do mesmo modo, é de se supor que se um “João qualquer” se apresentar com um cartão de crédito corporativo do Governo, da Câmara ou do Senado, deva merecer mais atenção cívica e ética do respectivo vendedor ou prestador de serviços.
Também, como explicar a sucessão dos negócios que redundam em escândalos - não no ato da operação como seria de se esperar, mas muito depois e quase sempre por motivos alheios, a exemplo de traições políticas, perda de gratificações, alijamento de licitações, inveja, sexo, politicagem, entre outros exemplos?
Se já não há mais respeito à propriedade privada e pública, se a locupletação é generalizada, se a manutenção e ampliação de privilégios ofensivos à realidade nacional são argüidos e equiparados constitucional e descaradamente, qual é, ou deveria ser, o núcleo de nossa indignação?
Se o nosso dinheiro, fruto de trabalho e recolhimento de impostos, aos olhos e desejos de governantes, autoridades e seus asseclas públicos e privados, resume-se ao simples “dinheiro dos outros”, qual deveria ser o centro de nossa reação?
O que nos esta como razão de indignação e reação? O gigantismo do Estado e o mau-caratismo dos representantes políticos são dois bons assuntos para se debater.
Se não pudermos resolver os dois ao mesmo tempo, a diminuição de um já ajudaria a reduzir a influência do outro. E, conseqüentemente, diminuir o tamanho do assalto continuado!

13 março 2009

Quebra de Confiança - ocaso da República

O Brasil é uma república. A palavra república vem do latim “res publica”. Significa coisa pública, que é de todos.
Liberdade, participação dos cidadãos, submissão às leis e ação limitada do estado são algumas características da república.
O regime republicano brasileiro vigora desde 1889. Embora passado tanto tempo, a república brasileira ainda tem um grande “inimigo”. A corrupção!
Nossa idéia mais comum sobre corrupção está relacionada a desvio de dinheiro público, ou coisas materiais, por um funcionário, um administrador ou um político desonesto. Basicamente, sempre relacionada às coisas públicas, não privadas. Mas esse não é o maior crime do corrupto.
Seu maior crime é “matar a confiança”. A confiança é o núcleo do ideal republicano. A confiança é o principal bem em comunidade. A corrupção elimina a confiança de um cidadão no outro.
De modo que a nossa indignação está erradamente focada na questão do dinheiro. Imprensa e judiciário, principalmente, também cometem o mesmo erro.
Mas porque toleramos a corrupção se ela degrada os bons costumes sociais, e, principalmente, o alicerce da república?
Histórias de outras épocas e nações falam de cidadãos que se orgulhavam da república e davam suas vidas por ela.
Hoje impera o individualismo. Em detrimento do engajamento público e político, a vida privada se ampliou. Trabalho, lazer e valores éticos são medidos a partir do indivíduo. E não do interesse social.
A idéia e a prática da coletividade para nós é uma abstração, um sacrifício. Nada que exija sacrifícios e custos pessoais tem chance de prosperar.
Perdemos a compreensão e a dimensão do interesse público e social. Não acreditamos no coletivo, nem no ideal republicano.
Significa dizer que costumes (ética, não corrupção, ideais públicos) não são mais garantidores e fundadores da república.
E se a república tem um ideal coletivo e valoriza o bem comum, o que significa o compromisso de todos com todos, a corrupção é sua negação.
A corrupção realiza a degradação de bons costumes e “rouba” bens indivisíveis como a virtude, o direito e o ideal comunitário, valores que nos enriquecem coletivamente.
O principal prejuízo causado pela corrupção é a quebra de confiança. Seja a confiança de uma pessoa na outra, seja a confiança nas autoridades e nos demais representantes da sociedade.
Sem confiança não há república. Hoje, atual e infelizmente, nossa república é só de nome. Uma miragem. Uma farsa!
Urgentemente precisamos reinventar o respeito ao próximo e ao interesse coletivo. Recuperar ética e socialmente o ideal de que há algo em comum entre nós.

06 março 2009

Governo rico, povo pobre

O gigantismo do estado brasileiro (governo federal e estados) é evidenciado pelo número de órgãos, empresas e funcionários públicos, tudo e todos assentados, apoiados e garantidos por uma imensa arrecadação e concentração tributária e aparelhamento burocrático. Lógica, inevitável e consequentemente, é um estado perdulário, incompetente e corrupto.
O estado cada vez mais rico, e o povo cada vez mais pobre. Não é a toa que o agravamento de diferenças sociais e injustiças se sucedem e aumentam, dia após dia.
Em todos os quadrantes da nação, uma acirrada luta pela sobrevivência, ilustrada e confirmada pelas estatísticas feitas de miséria, desemprego, drogadição, crimes e mortes em série.
Enquanto isso, homens públicos de sorrisos fartos e pagos com dinheiro público nos falam de uma reforma tributária.
Já sabemos, de antemão, que não diminuirá o grande e concentrado poder da União, um monumento ao desprezo dos ideais republicanos e a independência de estados e municípios.
Aliás, é uma vergonha a romaria de governadores e prefeitos para Brasília, onde trocam abraços, mimos, fotos e “tapinhas” nas costas com as autoridades políticas e burocráticas. E mendigam migalhas.
Fossem lideranças autênticas e politicamente comprometidas, lutariam pela independência tributária de suas comunidades e o alívio nos impostos que o povo paga.
Se ao menos os empresários se dedicassem com mais afinco à denúncia e esclarecimento do povo. Afinal, sob pena de prisão, são obrigados a recolher pesados tributos sobre mercadorias que ainda não venderam. Ou que venderam a prazo. Ou, então, sobre vendas que nunca serão pagas devido à inadimplência e os calotes.
Invés divulgar e organizar a resistência cívica nacional, ficam pedindo prorrogação de prazos de recolhimento, um subterfúgio que não resolve.
De modo que o grande desafio que a sociedade tem pela frente é sua auto-educação tributária. Praticamente, ninguém sabe quanto está pagando de tributos aos governos municipais, estaduais e federal.
Por exemplo, num rancho de R$500,00 será que o consumidor supõe que possa estar pagando PIS, COFINS, IPI, CSLL, IRPJ, totalizando uns R$300,00 que pertencem ao Governo Federal? Isso sem contar o INSS e o PIS-PASEP. E mais R$100,00 de ICMS que pertencem ao Estado e Municípios.
Ou seja, sobram menos de R$100,00 para o empresário pagar seus fornecedores e funcionários. E ainda ter sua margem de lucro para uso pessoal e reinvestimento na empresa.
Pergunto: quem sabe o que significam essas siglas todas (existem mais de 100 impostos, taxas e contribuições!) e para onde vai o dinheiro?
Já está provado com estudos e pesquisas que o governo é um guloso que quer mais, e mais, e sempre mais, e que para sua gula e cardápio cria os mais variados argumentos e necessidades. Ainda que falsos!
No dia em que a maioria das pessoas compreender o significado de cada sigla de tributo e o destino do dinheiro, e souber analisar o comportamento dúbio e omisso das autoridades e dos políticos, talvez a mudança possa começar e o nosso povo enriquecer.
Sim, por que hoje apenas o governo é rico. O povo é pobre. E a cada dia que passa, é cada vez mais pobre. E no meio da pobreza generalizada crescem os vales-disso e daquilo.
Uma forma barata de comprar a simpatia, o silêncio e a consciência dos pobres, as maiores vítimas da concentração tributária.