26 dezembro 2012

Paranoia Política

Questões econômicas e políticas têm sido objeto constante de meus artigos. Há muito tempo. Bem antes da presente e semanal coluna de opinião. E embora sempre tenha tido filiação partidária e convicções ideológicas, isso nunca confundiu minhas avaliações, nem foi razão para má vontade ou deslealdade com as opiniões e crenças alheias. Regra geral, porém, sempre “dando um pau” nos governantes, fosse um representante (partidário) de minhas convicções, ou um representante (adversário) daquilo que ideologicamente não defendo. E por que “dando um pau” nos governantes? Infelizmente, a encenação e prática político-partidária brasileira são repetida e essencialmente demagógicas. E isso, especialmente, acho inaceitável, seja quem for o governante, seja qual for seu partido e sua apregoada ideologia. Intolerável por que é uma conduta deseducadora e messiânica. Explica e determina nosso atraso. São atitudes e aspectos políticos que o povo precisa rejeitar e superar. Explica porque minhas (muitas) críticas se sobrepõem aos (escassos) elogios. Mais: porque proporcionalmente ao que o povo paga em tributos e sofrimento, os episódicos (e solitários) avanços institucionais e sociais que vivenciamos são insuficientes para que as autoridades se ufanem. Afinal, os auto-elogios não resistem aos chocantes números e indicadores sociais e econômico-financeiros. Entre alguns emails que recebo (principalmente, quando critico os governantes) há aqueles que se auto-atribuem (extensivamente aos seus partidários governantes) conceitos e adjetivos de elevada auto-estima. Ainda que o comportamento dos seus idolatrados líderes e os fatos não correspondam às virtudes e feitos proclamados. Politicamente falando, a frustração e evaporação de expectativas são uma praga brasileira. Começa-se com pequenas concessões e acaba-se em grandes escândalos. Estes fenômenos de transformação da essência partidária e ideológica – para pior - não são novos. Apesar das negativas e tergiversações de fiéis seguidores e devotos. Fiéis e devotos? Sim. Compreensível. A política tem muito em comum com as paixões humanas. Com nossas idealizações. Regra geral, não queremos “ver” os defeitos da pessoa amada. Cada comentário alheio criticando seu comportamento e reputação soa como uma ofensa. Nesses casos, de um estado de razão para a paranóia é um passo.

19 dezembro 2012

Tombamento do Olímpico

Como o Estádio Olímpico foi entregue como parte no negócio do Grêmio com a construtora OAS, será implodido no decorrer de 2013. Mas, agora, levantam-se vozes querendo preservar o estádio, defendendo seu tombamento. Tombamento é um ato administrativo realizado pelo Poder Público com o objetivo de preservar bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e afetivo, impedindo que venham a ser destruídos ou descaracterizados. Em outra circunstância – antes da contratação do negócio Grêmio-OAS, talvez a iniciativa pudesse se caracterizar como oportuna e interessante, tanto pelo aspecto de preservação arquitetônica, quanto pelas razões históricas, esportivas e culturais. De todo modo, o tombamento em geral é uma “violência” contra o direito de propriedade. E mesmo quando se justifica o tombamento, quase sempre é injusto com o proprietário. Pela falta de ressarcimento do possível e potencial valor de venda, e tocante os custos de manutenção do respectivo imóvel. A razão desse artigo, entretanto, não é discutir a sugestão de tombamento do estádio Olímpico ou de outros imóveis. É chamar atenção para uma das pragas nacionais, com certeza razão principal de nosso atraso sistêmico e sistemático no concerto das nações. Qual seja, o desrespeito ao contratado e combinado. E vale para tudo. Horários, contratos, obras, serviços, propriedades e bens públicos e privados. Regra geral, nada respeitamos. E ainda há quem se surpreenda por que as coisas não funcionam ou se mantém irregulares. Ao contrário do que deveria ser, entre os mais desrespeitosos agentes encontra-se o setor público. Aí estão os precatórios. As obras infindas e incompletas. Os serviços de saúde, educação e segurança impotentes. Não é a toa que órgãos públicos são os mais notórios litigantes junto ao Poder Judiciário. No pólo passivo, óbvio. Mas no ambiente das relações privadas também não é muito diferente. Aí estão em larga escala as invasões, depredações e fraudes. E produtos e serviços de duvidosa qualidade. Diferentes modos e formas de frustrar o pessoalmente contratado e socialmente combinado. Então, resulta que os escorchantes tributos e as altas taxas de juros (duas outras pragas nacionais) praticadas não decorrem apenas dos elencados déficits públicos e dívidas contratadas. São elevados porque estão embutidos riscos e ônus inerentes aos negócios. E qual o principal risco inerente? Não cumprimento do combinado e contratado.

12 dezembro 2012

Reféns da Criminalidade

Sábado à noite. Cinco minutos depois de minha chegada, a aniversariante abria novamente o portão para receber mais um casal de convidados. Foram surpreendidos por um ladrão de carros. Com o revólver “três-oitão” na cabeça das vítimas, pediu as chaves e documentos. Felizmente, ninguém reagiu. Essas cenas se repetem todos os dias e noites em todos os municípios brasileiros. Muitas vezes com conseqüências trágicas. Enquanto acontece com o outro, não damos muita “bola”, certo? Afinal, vivemos tão (con)centrados em nosso “umbigo” que não paramos para refletir sobre o estado das coisas e as soluções necessárias para sua superação. Refiro-me à questão social e ao banditismo. A pobreza, o desemprego, as crianças na rua sem pai nem mãe, o lixo revirado por humanos famintos e carentes, comércio de drogas, a miséria humana em cada calçada. E, a reboque, o banditismo e a inerente e conseqüente violência. Apesar de nosso “faz de conta que está tudo bem”, sentimos a constância do golpe e a realidade negativa. Sabemos que estamos acuados e ameaçados. O que são nossas casas e pátios, edifícios e empresas? Todos gradeados. Altos muros e cerca elétrica. Alarme na casa e cão feroz no pátio. À porta das casas e edifícios, guaritas guardadas por subempregados fazendo “bico”. Gente com medo “protegendo” outras pessoas com medo. As ruas são imensos corredores gradeados. Verdadeiros alçapões. Quem buscar socorro em alguma casa ou pátio alheio, não tem por onde entrar, para onde correr. Presa fácil do bandido da hora. Sitiozinho? Quem não sonhava com um nas imediações da cidade, para morar ou repousar e praticar horticultura, receber familiares e amigos? Historicamente pacatas e pacíficas, as pequenas vilas e cidades do interior também já vivenciam a crescente violência e criminalidade. Drogas, assaltos, invasões, bancos e caixas 24 horas são explodidas. Sem cerimônia. Assim tomados de medo, ainda que dissimulado, em cada transeunte que passa vemos um suspeito, uma ameaça ao nosso bolso e integridade física. Estamos afundados na síndrome do pânico, da desconfiança, da insegurança. Incapazes até de reagir construtivamente. A exceção dos otimistas, lógico. São os desinformados. Estamos todos absolutamente errados e omissos sobre esse assunto. Os governantes com seus discursos ufanistas e demagógicos. E nós cidadãos por acreditarmos que as autoridades serão capazes de resolver o assunto. Como que cegos e autistas, ainda há pessoas que acreditam que somos um povo feliz e cordial! Ora, ora, por favor, simplesmente somos uma nação à beira de um ataque de nervos. Reféns da criminalidade!

05 dezembro 2012

O Silêncio de Marisa

Os lulo-petistas fanáticos acham que é tudo conspiração para destruir o legado de Lula. “Negócios milionários do filho Lulinha (aquele que tem o talento do Ronaldinho para os negócios!), ministros malandros, dinheiro no Banco Espírito Santo (Portugal), mensalão, a amante Rose, etc...” Nada disso seria verdade. É tudo invenção do “partido da imprensa golpista”, afirmam. Quem também alega conspiração é o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, apontado como preferido de Dilma para a próxima vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Seu adjunto (e pessoa de confiança) está diretamente envolvido no atual escândalo. Com certeza, Adams “bailou na curva”. A “queimação” de Adams fortalece o nome de outro pretendente à vaga no STF. É o ministro da Justiça Eduardo Cardozo (PT), coincidentemente também “chefe” da Policia Federal. Mas como Cardozo pretenderia ser indicado por Dilma, atingindo em cheio seu próprio governo? Provavelmente, talvez não soubesse de nada. Ironicamente, parece que a presidente Dilma também faz parte da conspiração. Afinal, a operação policial aconteceu com seu conhecimento ou não? E se fosse com seu conhecimento, então seria para “queimar” quem? Lula? A criatura se voltando contra o criador? Mais: a cada escândalo patrocinado pelos “filhotes e apadrinhados” de Lula, Dilma faz demissões em massa. Dilma tem altos índices de aprovação popular. Com certeza, gostaria de concorrer novamente. Mas Lula também quer concorrer novamente. Mas, com demissões de ministros e escândalos sucessivos atingindo Lula, não o ferem de “morte” política? Mas Dilma também deve explicações. Se o escritório era e é importante, por que não somente substituir as pessoas sob suspeita? E por que fechar agora? O escritório era do governo federal ou só de Lula e sua rosa púrpura? Como é normal ninguém saber, nem ver nada no governo central, compreensível que Dilma também não soubesse de nada. Uma regra palaciana. Enquanto isso, Lula continua não “vendo” nada, nem “sabendo” de nada. Bom seria se começasse a ler jornais e revistas. Trocar o grau dos óculos. Usar um colete para evitar as punhaladas nas costas. E trocar de amigos e companheiros: vive dizendo que foi traído. Sinceramente, perdoem minha ironia, mas é difícil levar isso tudo a sério. O governo, os “seguidores” fanáticos, o Congresso (faz de conta) Nacional. Até seria novelescamente divertido se não custasse muito dinheiro público e a desmoralização da república. Agora, finalmente, tudo indica que é possível compreender a razão do “permanente” silêncio da ex-primeira-dama Marisa Letícia. Devia ser por puro constrangimento. Ou será que ela também não sabia de nada? Ainda bem que o povo também não sabe de nada. Tudo poderia ser bem pior!