29 janeiro 2014

Magia Desfeita

Pressionado pela evidente e crescente inflação, o Banco Central (BC) decidiu elevar a taxa básica de juros. É o sétimo aumento consecutivo. Obviamente, deduz-se que é uma clássica medida para conter a alta de preços. O efeito colateral ruim é que inibe o crescimento da economia.

Faz uns dois anos, a presidente Dilma “resolvera” mudar a história da nação (e os fundamentos da teoria econômica!) e “exigira” que os bancos reduzissem os juros. Na ocasião, no rádio e na televisão, em altos e heróicos brados retumbantes “defendera” o povo oprimido da ganância alheia. Ilusionismo e demagogia.

Perdoem minha ironia. Primeiramente, não existe magia em economia. Nem decreto, nem lei divina muda seus princípios de funcionamento. Se um grupo de pessoas atrasa suas prestações, ou o próprio governo tem dívidas astronômicas a financiar, os cidadãos pagarão por isso através de tributos elevados e financiamentos a taxas maiores de juros.

Fosse assim tão simples, a exemplo de decretar a redução ou o fim dos juros, afinal, haveria algum líder político que não quisesse entrar nas páginas definitivas da história nacional como o sujeito que libertou sua nação da escravatura financeira?

Ou então, ainda de modo irônico, por que os poderosos e governistas Banco Central, Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal não recebem ordem em contrário, desde sempre, e ofereçam dinheiro mais barato? Com certeza, os brasileiros abandonariam os “mafiosos” bancos privados e migrariam para os bancos estatais. Uma maravilha, não é mesmo?

Particularmente, não espero, nem exijo muito dos governantes. Com certeza, é difícil presidir uma nação com tantas contradições e diferenças sociais. Mas, tocante às autoridades, não cedo quanto à honestidade intelectual e verdade como princípios.

À época, a presidente Dilma poderia ter sido franca e honesta na exposição de seus planos e motivos. Poderia ter demonstrado como se constitui o “negócio” dos bancos. Quais são suas obrigações com o governo (como os depósitos compulsórios, por exemplo), seus impostos, seus custos administrativos e de pessoal, níveis de inadimplência e sua margem de lucro.

E explicar se a redução da remuneração da poupança (lembram?) serviria para garantir que os bancos privados continuassem capitalizados para comprar e vender lucrativamente os títulos públicos que garantem as novas dívidas do próprio governo e a rolagem das dívidas antigas.

E também explicar por que essa dívida pública continua a crescer e por que o governo não reduz seus gastos, não controla suas despesas, não corrige seus erros e seus níveis de desperdícios e corrupção. Afinal, nessa dívida pública não está a origem e causa fundamental para a existência das elevadas taxas de juros ao consumidor?

Teria sido uma conversa de país sério. E uma atitude digna de um presidente da República.

22 janeiro 2014

Rolezinho de verão


Com presença de maioria de descendência negra e presumivelmente pobre e de periferia (quem disse isso? pesquisaram? ou deduziram?), seria um encontro de jovens, de modo a protestar contra a segregação social.

A exemplo das manifestações de junho de 2013, qualquer consenso crítico e analítico é impossível. Foram expostas opiniões razoáveis entremeadas e alardeadas com outro tanto de absurdos e tentativas de manipulação político-ideológico-partidária.

Há uma tentativa de conectar os fatos e as reivindicações do ano passado com o atual movimento. Ora, não há nada em comum entre ambos, a exceção dos meios tecnológicos de comunicação e mobilização, ou seja, celular, internet e as redes sociais.

Essa gurizada está em férias escolares. Só quer zoar, fazer azaração, se divertir e namorar. E, de preferência, beijar muito. Quer mostrar sua camiseta e boné de grife, celular e tablet, tirar umas fotos para postar no Facebook e no Instagram. E ouvir e dançar “um funkizinho maneiro”.

Mas como vivemos a era do patrulhamento político-ideológico e dos descarados “caroneiros” partidários, o que mais se ouviu foi que os shoppings são templos de consumo da burguesia e que seriam altamente discriminatórios e elitizantes. Que idiotice!

Não há nada mais democrático nas cidades do que os shoppings. Seguros, limpos, agradáveis e populares. Pergunte às lojas-âncora, tipo Renner, Riachuelo, C&A, Americanas e McDonald’s, entre outras, sobre o perfil da clientela e suas condições de pagamento.

Reclamam dos gerentes dos shoppings por haver chamado preventivamente a polícia e apelado ao poder judiciário, atitudes que confirmariam a censura e a discriminação social e racial. Outra idiotice!

Uma, duas, três mil ou mais pessoas entram de surpresa no local. Então, queriam o quê? Que se omitissem tocante a tranqüilidade, integridade e segurança dos demais freqüentadores e lojas-condôminas?

Já que a onda é fazer proselitismo e demagogia, vou colaborar. Quem sabe os próximos “rolezinhos” sejam em escolas, hospitais e nos palácios de governo. Afinal, ali também há discriminação social e racial. Ah, e alguns têm o mesmo ar condicionado dos shoppings. Só não pode tocar o “pancadão!”

15 janeiro 2014

Causa e Consequência

Volto ao assunto. Sai dia, entra dia, o “filme” se repete. Afinal, qual a surpresa? Por que ainda se surpreendem os brasileiros se já viram o mesmo enredo e final “umas duzentas vezes”?

A ingenuidade e passividade de nosso povo não é novidade. O que mais impressiona é que dito setores bem informados e influentes (é mesmo?), a exemplo de movimentos sociais, universidades, imprensa, empresariado, partidos e parlamentares, tangenciam a questão central relacionada à corrupção.

A rigor e basicamente, na proporção de sua incidência e não repressão objetiva e saneadora, a corrupção é um retrato da desorganização social e penal da sociedade.

Se estivermos de acordo que há elementos não mensuráveis que dizem respeito à conduta de representados e representantes, e cuja solução se supõe passe pela elevação dos níveis de educação e incremento do aparato repressivo, o que nos resta como alternativa de ação e reação?

O núcleo central de nossa indignação e combate deveria ser a diminuição do tamanho funcional, burocrático e arrecadatório do Estado. Esse é o verdadeiro fator de atração ao delito, de estímulo à corrupção endêmica!

Por demais conhecido, é desnecessário relembrar o número de impostos, taxas e contribuições que infernizam e empobrecem o cidadão. Apropriação e extorsão responsáveis pelos sucessivos recordes de arrecadação tributária que alimentam o “monstro” estatal.

União e os estados federados, uns mais outros menos, são estruturas arcaicas e hiperdimensionadas física e burocraticamente. O governo federal, o melhor exemplo do absurdo, tem 39 ministérios (ou com status de ministério) e outro tanto em estatais e secretarias especiais (alguém sabe o número exato?).

É humanamente impossível gerenciar um “monstro” desse tamanho. Menos pelo tamanho, mais pela natureza do “monstro”.
Uma nação - seu povo, seus líderes sócio-políticos e governantes - que tolera isso, a dimensão dessa tragédia, desse abuso, não é responsável, nem representa qualquer expectativa séria e otimista tocante ao seu futuro. Dolorosa verdade. Simples, nua e crua.

Desorganização, desmandos, desídia e ineficácia são retratos do tamanho do estado brasileiro. Quanto mais aparato público, mais dinheiro. Quanto mais dinheiro, mais aparato. Um círculo vicioso sem fim.

A corrupção, doença social mais grave, é mera conseqüência!




08 janeiro 2014

Mais do mesmo

Não imagine você que seja assim tão simples escrever um texto, ainda que semanalmente. Razão pela qual, eventualmente, consulto bem informados amigos sobre assuntos inovadores e possibilidades criativas de agradar e “provocar” o leitor. Assim como submeto rascunhos à apreciação.

Devo confessar que, às vezes, devolvem a provocação e “castigam” o autor, apenas afirmando: “- É mais do mesmo!”. Principalmente, quando aponto mazelas de nossa sociedade e desvios governamentais.

São tempos difíceis para quem pretende escrever e argumentar. Afinal, facilitados pela internet e redes sociais, os governos (e governantes) têm muitos colaboradores (remunerados ou não) para divulgar e promover aquilo que denominam de evidentes e incontestáveis progressos nacionais e recentes. Ainda que a realidade afirme diariamente o contrário.

Então, diante da amigável resposta “é mais do mesmo”, retruco e insisto: como posso não escrever sobre fatos evidentes e socialmente comprometedores? Só por que é “mais do mesmo”?

Política e eleitoralmente, compreendo o ufanismo e proselitismo das autoridades e seus fiéis seguidores, sejam do partido que forem, na esfera de poder que estejam. Afinal, cada qual sempre se acha melhor que o outro. “Nunca dantes”, diria o ex-presidente Lula (olha aí, pessoal, mais do mesmo).

Mas há uma realidade insuperável e incontestável (e nem vou falar de saúde e educação!): ultimamente, não há nenhuma tranquilidade e paz de espírito entre os brasileiros. A sensação e os fatos são todos públicos e notórios. Mas, os números nem sempre.

Informações e dados coletados em 2012 indicam que os homicídios cresceram 8% em relação a 2011. Em 2012, alcançamos a histórica marca de 50.108 mortes. Estamos entre os dez países mais violentos do mundo.

E tocante a roubos e furtos (crimes contra o patrimônio de pessoas, residências, empresas, bancos, etc...) as estatísticas são igualmente estratosféricas. Com um agravante: não representam, nem de longe, a realidade e a totalidade das ocorrências. E por quê? Porque as vítimas não fazem os devidos registros policiais. Não acreditam do sistema.

Simplesmente, estamos incapacitados e inaptos para esse enfrentamento e drama social. Seja pela defasagem da legislação penal, da insuficiência do aparato policial, ou do caótico ambiente carcerário. Mas, sobretudo pela falta de coragem política das autoridades constituídas.

Criminalidade, violência e desorganização social são as evidências. Cresce o sentimento de medo e insegurança. Reina a tensão. É muito mais do mesmo.

Provoco e pergunto, então, considerando os índices de criminalidade, de não solução dos problemas sociais, de exploração tributária governamental, etc....
- Se você pudesse, moraria em outro país?