15 outubro 2010

Duvidosas Promessas

Essa campanha eleitoral e a fala dos candidatos e dos partidos repetem um problema crônico no nosso processo eleitoral.
Tanto no primeiro turno quanto no segundo, foram e são omitidas questões importantes da administração pública, principalmente aquelas referentes ao orçamento, sua gestão e financiamento.
É uma característica comum aos candidatos, em geral, em todas as eleições. O desconhecimento sobre a natureza e origem das receitas e das despesas, seu custo social, a qualidade dos gastos públicos, o volume do desperdício, a composição e os custos do quadro de pessoal, entre outros itens.
Repito, isso não vem de hoje. Vem de longe e faz muito tempo. De modo que temos que ter paciência e conviver com estas limitações. Mas isso não significa que precisemos necessariamente nos conformar e aceitar esta desqualificação.
Agora mesmo, especialmente na eleição presidencial, assistimos uma desavergonhada campanha recheada de promessas e mais promessas.
E o que elas têm em comum? Nenhuma promessa demonstra a apresentação de custos e a identificação da origem das receitas financeiras necessárias.
Governistas tanto quanto oposicionistas repetiram o mantra do desenvolvimento sem apontar o ônus, sem apontar de onde virá o dinheiro necessário.
Receita, despesa e orçamento são pontos muito importantes na administração pública. Claro, sabemos que são questões que o grande público não entende muito bem. Há muitas expressões técnicas e de difícil linguagem e compreensão.
Mas há muitas e diferentes maneiras de falar sobre isso. Um bom exemplo é comparar gastos e receitas públicas com o orçamento de uma família.
De onde vem o dinheiro, quanto gastamos com cada coisa dentro de casa, luz, telefone, escola, alimentação, lazer, etc...
O que ainda precisa ser adquirido, quanto custará e, novamente, de onde virá o dinheiro. Quanto estamos devendo, quanto pagamos de juros nas compras parceladas e nas nossas dívidas bancárias.
Qualquer pessoa entende isso, mesmo quem não tenha muito estudo, ou pouca idade. E no caso dos gastos públicos isso vai se refletir nas taxas de juros que pagamos e na inflação que o país enfrenta, por exemplo.
São questões importantes que passaram - e continuam passando - distantes da campanha eleitoral. Como se o dinheiro caísse do céu. Como se o dinheiro necessário não viesse dos bolsos do povo brasileiro!
Repito: não se discutiu a natureza e a qualidade do gasto público, os princípios de previsibilidade e dotação orçamentária, o tamanho e a qualidade dos serviços públicos, entre outros temas importantes para a população.
E entre todos os temas, dois dos mais importantes não foram discutidos: a questão do tamanho (e o custo) do Estado e seus limites de intervenção, e, obviamente, a questão dos impostos, o exagero de tributos que os brasileiros pagam.
Resumindo, com o dinheiro público tomando rumos diversos ao interesses essenciais da população – através da corrupção e do desperdício, e a demagogia tomando conta, não é a toa que novamente houve um elevado índice de abstenção, votos brancos e nulos!

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