29 outubro 2014

Festa Constrangida

Apurados os votos e confirmada a vitória de Dilma, a colorida representação do mapa eleitoral nacional por Estados provocou um intenso constrangimento no Partido dos Trabalhadores (PT).

De modo expressivo e decisivo, revelou-se a hegemonia norte-nordestina do governo, evidentemente determinada pelo Programa Bolsa-Família.
Pública e indiscretamente pressionados e ameaçados, inclusive no Rio Grande do Sul, os beneficiários não relutaram em garantir suas vantagens. E votaram com o governo!

O que em governos anteriores era tido como esmola e politicagem (procure por Lula no YouTube criticando os atos da gestão FHC), agora seria ação social e isenta político-partidariamente.

Em tempo: sou a favor do Bolsa Família, das cotas raciais e sociais e de todos demais programas populares de inserção social e educacional. Aliás, por si só suficientes e meritórios para garantir a reeleição petista.

E repudio todas as formas de discriminação entre brasileiros. Principalmente, aquelas proferidas pelo colérico ex-presidente Lula, que, dia após dia, insiste em deslustrar de modo lamentável sua vitoriosa biografia.

Mas o mais impressionante na não-festa petista da vitória, foi a conclamação (?) de Dilma à pacificação e união nacional. Como assim?

Quem foi que “desconstruiu” (eufemismo de destruição) adversários à moda Collor/1989? Quem falou que os ricos odiavam os pobres? Quem jogou negros contra brancos? Nordestinos contra sulistas? “Bolsistas e cotistas ” contra os demais brasileiros?

Consequentemente, o confirmado e eleitoral antipetismo é um compreensível reflexo crítico às suas ofensivas afirmações e duvidosas ações, entre as quais o notório e irresponsável “aparelhamento” do poder de Estado.

E que se agravou com a romaria de exaltação e reverência (e a surpreendente “caixinha” colaborativa) aos condenados do “mensalão”, a corrupção sistêmica na Petrobrás, entre outros escândalos e duvidosos negócios internacionais, refutando as leis e subestimando o senso ético do povo brasileiro.

Daí o apertadíssimo placar eleitoral final. Porém, a considerar pelo surpreendente discurso da reeleita presidente, não aprenderam com a constrangedora vitória.

Creio que um pedido de desculpas teria sido mais sincero e oportuno!


22 outubro 2014

O Triunfo da Mediocridade

O acirramento das relações pessoais e a discórdia social que estamos vivenciando e colhendo são frutos semeados e plantados sob a retórica do messianismo, da demagogia e da manipulação estatística.

Era previsível. Afinal, a história é farta em ensinamentos. Nestas circunstâncias, rotineiramente demonstra como tudo começa, como se desenvolve e como terminará.

Faz alguns meses, eu dizia: “Mais algum tempo e mais alguns fatos da mesma natureza, e estaremos todos nos perguntando quando tudo isso começou realmente?”

E, no mesmo parágrafo, concluía: “...tudo indica que vivenciaremos um deprimente, populista e despolitizante processo eleitoral.” E aqui estamos, a quatro dias da eleição presidencial, compelidos a tomar uma dramática decisão.

O processo eleitoral tem demonstrado e confirmado denúncias, intrigas e difamações pessoais produzidas em escala industrial, cínica e eufemisticamente chamadas de “desconstrução do adversário”.

Não à toa, o empobrecimento dos debates, das idéias e o desgaste das relações institucionais têm-se revelado expressivo e lastimável.

Apegados a uma visão política e ideológica no sentido de que o Brasil necessita de um “estado forte” para poder fazer “justiça social”, nenhum candidato abordou honestamente a questão da redução da dívida pública e dos tributos, da taxa de juros e da inflação, e sobre o porquê de tanta corrupção.

São constantes os monólogos e as promessas sem identificação da origem do dinheiro necessário e sem apontamento de custos. Resulta que o estado brasileiro virou um gigantesco empregador e pagador de benefícios empresariais, previdenciários e bolsas assistenciais.

Infelizmente, não tratamos de valorar e hierarquizar um princípio que o grego Aristóteles (384-322 a.C.) já defendia. Que consta no ideário de importantes e desenvolvidos países. O princípio da subsidiariedade.

Aristóteles afirmava que “quando o poder político arroga-se no direito de gerir tudo, suprimindo a atuação dos cidadãos, age como déspota, administrando em lugar de governar”.

Consequente e deseducadamente, sob o patrocínio e estímulo estatal, renunciamos a independência social, política e econômica, adotamos um comportamento dúbio e realizamos a opção em sermos mendigos políticos e cidadãos de segunda classe.

A cooptação social – pelo Estado - tem como subproduto a paulatina despolitização. É o triunfo do coitadismo e da mediocridade. Para alegria dos curadores e tutores!





15 outubro 2014

Que bom seria...

Que bom seria...

Se os candidatos pedissem desculpas pelos inúmeros erros e abusos cometidos durante suas gestões, invés repetir novas e velhas promessas como quem conta, todas as noites, a mesma “historinha infantil de ninar”.

Se vigiassem e coibissem seus próprios companheiros caídos em tentação e descaminho, antes de acusar os adversários de apropriações indébitas e corrupção.

Se deixassem de ofender o trabalho e a inteligência alheia (principalmente, a do eleitor), e baixassem o próprio dedo indicador, em humilde gesto de quem reconhece que sempre foi mais fácil ironizar, criticar e acusar o outro.

Se reconhecessem, educada e politicamente, os momentos, as oportunidades (ou falta de) e as razões do outro, haja vista que a história e as circunstâncias socioeconômicas nunca se repetem do mesmo modo, o que determina que as soluções de cada tempo também sejam diferentes umas em relação às outras, sem necessário prejuízo de oportuno valor.

Se, e principalmente, em se tratando de ideias e correntes ideológicas, superassem as graves diferenças e equívocos conceituais (ainda arguidos retoricamente nas disputas eleitorais) comprovadamente falidos e sepultados, como bem demonstram experiências históricas.

Se admitissem a hierarquia e eficácia de princípios fiscais e econômicos sobre a vontade pessoal e a ideologia política, como o histórico de nações mais desenvolvidas já demonstrou e confirmou.

Se parassem de dizer: “que o outro (no poder) não fez, sem vontade política de fazer!”, quando sabemos que as razões impeditivas deste ou daquele governo eram fiscais, financeiras e econômicas.

Se procedessem sempre de modo coerente, talvez não ficassem devendo tantas explicações ao povo. E reclamassem menos da imprensa e esquecessem os planos de “controle da mídia” – sobretudo porque falaciosos os argumentos e os subterfúgios. Ademais, como se fosse possível sufocar a verdade, ainda que, às vezes, tardia.

Que bom seria se não sonegassem informações e faltassem com a verdade quando acossados e “desnudos” em erro. Afinal, notoriamente abusados e reincidentes, já deveriam saber que depois da primeira mentira, sucedem-se as demais.

08 outubro 2014

Internet derrota pesquisas


Na sua formulação, as pesquisas de opinião valem-se de informações estatísticas oficiais, notadamente aquelas que dizem respeito às classes sociais, a partir de indicadores como a escolaridade, renda familiar, sexo, local de moradia, entre outros de similar relevância.

Pesquisas político-eleitorais costumam aferir tendências ideológicas, preferências partidárias e pessoais, consistindo em importante instrumento de avaliação de governantes e atos de governo, parlamentares e partidos.

Como o processo eleitoral determinará quem vai comandar o Poder Executivo, ou quem vai assumir um mandato legislativo, os interesses pessoais e partidários são múltiplos e intensos, não resistindo, regra geral, a influência do dinheiro e demais relações de poder.

Consequentemente, as pesquisas eleitorais – e os respectivos institutos de opinião - têm sido objeto de suspeitas e acusações. Entra eleição, sai eleição, é sempre a mesma discussão. Pesquisas influenciam o processo eleitoral? São manipuladas para favorecer determinado candidato ou prejudicar outro?

Os desconfiados afirmam que à medida que se aproxima a data da eleição, as pesquisas tendem a apresentar números parecidos entre um instituto e outro. Assim, deduz-se que seria possível “mentir” durante algum tempo, mas não proximamente ao dia da eleição.

Até as margens de erro, que sempre foram de dois por cento, já andam em torno de quatro. O que significa potenciais e diferenciais oito por cento, a rigor. Seria muita margem (de manipulação?) para pouco acerto!

Também há o entendimento de que as pesquisas influenciam o eleitorado, provocando o voto útil e (quase sempre) despolitizando o processo. Muitas vezes, resultando na escolha do “anti-alguém”.

Tenho um palpite sobre os recentes “furos” das pesquisas. Qual o indicador novo, possivelmente não catalogado pelos institutos de pesquisa, que poderia influenciar a votação final e determinar o erro de (pré) avaliação?

É o acesso e a utilização da internet como meio de obtenção e troca de informações. Eis que popularizado e massificado com o uso de computadores e smartphones, independentemente de escolaridade, renda familiar, sexo e local de moradia do cidadão.

Explicando: o acesso e utilização popular da internet prejudica(fragiliza) a utilização dos tradicionais indicadores de classes sociais e seus comportamentos.

“-Você mudou o voto (ou votou) com influência da internet?”, a pergunta que o instituto de pesquisa não fez!

01 outubro 2014

Reage, Gremio!

Reage, Grêmio!

A pretexto de apoiar a campanha contra as infelizes demonstrações de racismo e transformar o caso esportivo em exemplo nacional, a demagógica decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) afrontou princípios da razoabilidade jurídica.

As leis penais afirmam que as penas condenatórias devem ser individualizadas e que não podem ultrapassar a pessoa do culpado, atingindo, por exemplo, a família e as instituições.

Juridicamente absurda, essa decisão ameaça a história e a integridade de um clube com mais de 100 anos de existência, jogando-o à arena dos “leões midiáticos, oportunistas e incautos”.

Como pode a presente condenação passar da figura da ofensora - já identificada pelas câmeras de segurança e respondendo inquérito policial - e alcançar um patrimônio esportivo, cultural e social que abrange e contempla emocionalmente milhões de brasileiros, seus simpatizantes, associados ou não? E que não ofenderam ninguém!

Quem responderá pelos prejuízos (de todos os tipos) decorrentes da injusta imputação e provável e genérica rotulação racista que advirá ao clube e seus torcedores?

Quem reestabelecerá os graves danos à imagem do clube e os inerentes lucros cessantes, eis que objeto de comércio televisivo e provedor das finanças do clube?

Ainda que não diretamente, mas como pode a condenação punir os jogadores, a comissão técnica e demais funcionários, ao retirar o clube da competição, cerceando-os do respectivo exercício profissional e ganhos financeiros?

Como é possível responsabilizar um clube que acolhe semanalmente anônimos vinte, trinta, às vezes quarenta mil pessoas por jogo, e cujo ingresso em suas dependências ocorre sem discriminação e identificação prévia de sexo, cor e etnia?

Bem como, sem lhes perguntar – a cada torcedor presente - a opinião e/ou preferência sobre assunto qualquer, e/ou eventual preconceito pessoal. Como é possível responsabiliza-lo e condená-lo por atitudes individuais? Como é possível que o clube possa pagar por algo que não fez, não insinuou e nem afirmou?

Trata-se de uma grosseria jurídica, uma ofensa às liberdades individuais e às leis vigentes. Não se faz justiça cometendo outra injustiça.

Reage, Grêmio! A aceitação e tolerância com essa decisão entrarão nos anais da história esportiva e social nacional e marcarão o clube definitivamente como racista.

Reage, Grêmio. Há algo maior em jogo do que a perda de três pontos e a exclusão de um torneio esportivo. São 100 anos de história do clube e os princípios legais e constitucionais da nação.

Vá urgente ao Supremo Tribunal Federal (STF) e proteja o clube e a Constituição Federal.
Reage, Grêmio!