05 março 2014

Ilusão de Poder

Duas ações obrigatórias ao cidadão – pagar impostos e votar - provocam uma ilusão (de poder) nos governantes. Ainda que realizados em bases legais, os cofres públicos recheados e o mandato decorrente das urnas não significam, nem garantem a respectiva legitimidade.

Desperdício, corrupção, ineficácia nas ações de estado e a transformação das eleições em mero mecanismo de substituição nas viciadas estruturas de governo, têm contribuído expressivamente para o atual estágio de desilusão e descrença. E protestos!

Histórica e crescentemente, a administração pública tem sido utilizada para resolver vulgares questões político-partidárias, num esquema de “feudalização” de secretarias e estatais. Em defesa dos atos, os governantes argumentam que é para garantir a governabilidade. Isso que assistimos é governabilidade?

Porém, e otimista, alguém dirá: “Mas o Estado brasileiro faz muita coisa boa para o povo. Estão aí vários exemplos positivos.” Evidentemente, que algo haveria de ser feito haja vista a abundância de recursos financeiros. Mas, deveríamos e poderíamos fazer muito mais!

Não esqueçamos que há uma enorme disparidade entre o que é arrecadado e o que é ofertado em termos de serviços públicos e infra-estrutura.

Então, não é mera coincidência o esgotamento físico-psicológico e o transbordamento da rebeldia popular. E com claros sinais que aumentará. Afinal, razões não faltam.

Seria um bom momento para as nossas autoridades relembrarem as célebres palavras de Abraham Lincoln (1809-1865), décimo-sexto presidente dos Estados Unidos. Disse ele:

“Não criarás a prosperidade se desestimulares a poupança. Não fortalecerás os fracos se enfraqueceres os fortes. Não ajudarás o assalariado se arruinares aqueles que o pagam.
Não estimularás a fraternidade humana se alimentares o ódio de classes. Não ajudarás os pobres se eliminares os ricos.
Não poderás criar estabilidade permanente baseada em dinheiro emprestado. Não evitarás dificuldades se gastares mais do que ganhas.
Não fortalecerás a dignidade e o ânimo se subtraíres ao homem a iniciativa e a liberdade. Não poderás ajudar os homens de maneira permanente se fizeres por eles aquilo que eles podem e devem fazer por si próprios”.

Digo eu: a realidade confrontada (e afrontada) não se submete aos ilusionismos de poder.

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