25 junho 2010

Dunga no divã do Freud

Os brasileiros se distinguem dentre a maioria dos torcedores de outras nacionalidades justamente pelo fato que são muito mais praticantes de futebol do que torcedores.
Desde crianças, jogamos muito bem e temos uma boa compreensão sobre espaço, tempo e velocidade, três aspectos fundamentais na dinâmica do futebol.
Essa característica e natureza do torcedor brasileiro explica e torna autêntica e qualitativa sua ativa participação no dia-a-dia dos clubes e nos destinos de jogadores e treinadores, seja na forma de comentários técnico-táticos, críticas e vaias.
Retranca e mau humor, por exemplo, não combinam com nosso ambiente futebolístico. Atitude e comportamento que não combinam com a opinião, a alegria e modo de jogar do jogador e torcedor brasileiro.
De modo que entramos no campo das repercussões e conseqüências objetivas dos aspectos psicológicos e anímicos que fazem do futebol essa simbiose entre força, qualidade e estado de espírito.
Dito isso, passo a comentar as circunstâncias recentes (e antigas) que atingem, direta e indiretamente, o ex-jogador e atual treinador Dunga.
O problema de Dunga é fora do campo. Dunga é um ressentido. Tudo porque um dia seu nome foi sinônimo de um fracasso coletivo. A seleção de 1990. A Era Dunga!
O que deveria ser entendido como uma simples analogia futebolística, haja vista a histórica função tática de Dunga – um jogador de contenção e de má qualidade de passe, se transformou em questão pessoal. Na cabeça de Dunga!
Em tempo: quanto à má qualidade de passe, ressalve-se, por justiça, que foi uma condição técnica mais tarde superada por Dunga, dono de uma bela e vitoriosa carreira.
Recentemente, o mau humor de Dunga se agravou com a “unanimidade” em torno dos alegres e ofensivos jogadores santistas Ganso e Neymar, finalmente não convocados.
A dimensão jornalística e popular atribuída ao episódio de não convocação desses jogadores ensejou um “contágio” que infectou até mesmo os próprios jogadores convocados, eis que portador de uma mensagem de inibição, de contenção, de “proibição” do desejo de ousar.
E, desde então, como reage Dunga? Da pior forma possível. Vinga-se da imprensa e da “unanimidade popular”. O que significam treinos fechados, jogadores proibidos de dar entrevistas e seu mau humor e ironias constantes?
Já na África, Robinho foi obrigado a pedir desculpas no vestiário porque dera entrevistas para a televisão no seu dia de folga. Quebrara uma regra e exigência do “sargentão” Dunga.
Com o baixo nível técnico dessa Copa do Mundo, até aqui, e com o seu regime de quartel, Dunga e seus comportados e limitados “recrutas” podem ate ganhar, mas não vão convencer o torcedor brasileiro.
Estamos diante de uma questão cuja equação não está no campo de futebol. A resposta e a superação ao padrão de ação e reação do treinador Dunga estão no divã de um psicanalista!
(Na tarde de quinta-feira, Dunga pediu desculpas aos torcedores por seu comportamento!)

Nenhum comentário: