01 julho 2010

Novela das Oito

Não há um só dia em que não ouvimos, na rua, em casa ou no trabalho, alguém dizendo: “Assim como está não pode continuar!” Isto quando não é a gente mesmo que diz.
Uma hora é a criminalidade, a corrupção, o governo e os impostos. Outra hora é o chefe mandão, o colega chato, o vizinho, os filhos, a família, e por aí afora.
Quase sempre a culpa de tudo é dos outros. O que é “tudo”? E o que são “os outros”? Quase sempre são os políticos, os vizinhos, o síndico, nosso emprego, etecétera e tal. Nunca somos nós mesmos!
Mas como diz um camarada aqui do lado, emendando a conversa: “Isso tudo já estava aí. Eu não tenho nada a ver com isso!”.
Agora, por exemplo, teremos eleições. Vamos eleger Presidente, Governador, Senadores, Deputado Federal e Estadual.
Mesmo que a maioria das pessoas não tenha o mínimo interesse pela política, o fato é que através dela, historicamente, é que ocorrem as transformações da sociedade, seja por ação ou omissão.
Entenda-se que a boa e necessária política é muito mais que a discussão vulgar e inócua exercida pelos partidos políticos e por seus narcísicos líderes.
A política alcança e age em todos os níveis de intervenção humana, principalmente naquelas relacionadas às relações sociais e econômicas.
Com certeza, vários candidatos menos qualificados se elegerão e administrarão nosso Estado, nosso País, aos trancos e barrancos, entre um escândalo e outro. E de novo haverá quem diga que “não tem nada a ver com isso!”
E repetiremos: o problema da pobreza não é comigo. O problema dos sem-terra não é contigo. Os impostos excessivos não é com o fulano. O problema da corrupção não é com o beltrano. A inadimplência e a sonegação de impostos não é com o sicrano.
E o aumento da violência, criminalidade e da impunidade não é com nenhum de nós. E nem com aquelas pessoas que estão ali ao lado discutindo entusiasmadamente sobre futebol.
E assim caminha a humanidade, ou melhor dizendo, nosso país e nossa sociedade. Isto é, ninguém querendo assumir responsabilidades, ninguém “querendo se incomodar!”
Fazendo de conta que não sabe de nada e acreditando que com o “andar da carroça as abóboras se ajeitam”. É a desculpa “esfarrapada” de sempre. A esperança “furada” de sempre!
Assunto chato esse, né? Vamos continuar outra hora, certo? É que agora está na hora da novela das oito!

Nenhum comentário: