18 outubro 2011

A Natureza do Caos

As recentes e crescentes revoltas populares mundo afora, assim como - no nosso caso - a sucessão de escândalos de corrupção, parecem sugerir “o fim dos tempos”, uma degradação social e humana em curso.
O que presenciamos está diretamente relacionado a ampliação e massificação dos meios físicos e digitais de conhecimento e divulgação. Leia-se integração mundial de computadores, telefones celulares, câmeras fotográficas digitais e redes sociais como o Facebook e o Twitter.
Porém, acredito que a condição humana e social não mudou. Pessoal e coletivamente, continuamos insatisfeitos, individualistas e desorganizados. Em cada individuo e região há centenas de questões não resolvidas, latentes e represadas.
Evidentemente, há aspectos comportamentais que resultaram mais expostos e valorizados. Por exemplo, o consumismo como forma de poder e razão de felicidade. Esses mesmos meios de comunicação expandiram tal sentimento e conseqüentes frustrações.
Assim, e afinal, não parece que a desigualdade cresceu? Que o individualismo também aumentou? E que há uma mercantilização absurda dos hábitos e da vida em geral dos indivíduos e da coletividade?
E a degradação da política? Não parece que ela se transformou num instrumento e processo de roubo “legal e institucional”? E não parece que a democracia é uma farsa?
Nesse ponto é que eu insisto. Não há novidade. Isso tudo sempre esteve por aí, mais ou menos nestes termos. Porém, nunca tão contraditório, tão manifesto, tão explícito e tão amplo.
O que mudou então? Repito, houve o aumento do volume e troca de informações e de conscientização. Então, na exata correspondência do volume de (e escandalosas) informações, ocorre a reação popular. Caótica e desorganizada.
Todas as promessas, repetidos e antigos discursos sobre oportunidade, igualdade e justiça resultam irreais e desfeitos. A utopia não realizada em cada individuo, em cada grupo social, ressurge magoada, dilacerada e vingativa.
Em comum em todas as crises, nacionais e internacionais, é a presença onipotente e saqueadora dos governos centrais, do poder de estado. É o inimigo a ser combatido e fragilizado.
A gerência político-administrativa e a arrecadação fiscal-tributária feitos “longe de casa” só podem mesmo servir para a corrupção e para desvio de recursos. E para salvar grandes empresas, bancos e “negócios entre amigos do rei. Ou da rainha!”
Em meio a tanta confusão e (in)diferença, a esperança é que aprendamos a compreender e fazer a boa política. Não essa coisa ordinária que está aí feita de dissimulações e distribuição de migalhas!

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