18 abril 2012

Pão e Circo

Qual o limite de um processo de degradação sócio-cultural? Vou direto ao assunto. No que está se transformando a programação da televisão brasileira? Felizmente, os níveis de audiência estão decadentes. Afinal, ninguém merece.
A guerra pelos “pontinhos” do Ibope é de baixo nível. E virou guerra de igrejas, “bispos” e seus comportados rebanhos televisivos. Parece o filme “Poltergeist” (Steve Spielberg e Tobe Hooper, 1982), puxando as pessoas para dentro do tubo.
E se “Pânico na TV” é uma referencia popular, é porque já passamos do pânico para o desespero. Baixaria e grosseria é a regra. E eles acham que são talentosos. E nem preciso falar do desfile de peitos e bundas siliconadas. “É o horror, o horror”, diria o coronel Kurtz, no filme “Apocalypse Now (Francis Coppola, 1979)!
E no meio do tiroteio da guerra de audiência, o histórico campeão nacional apresenta suas armas e também baixa o nível. Despencando em todos os horários, o desespero (e a conseqüente queda de qualidade) determina a busca dos pontinhos perdidos. Vários horários nobres virando horários pobres. Se não fosse o plim-plim despertador, a anestesia seria geral.
Em verdade, as televisões estão na corda bamba da preferência popular. Os verdadeiros e originais atrativos - a magia e o encanto - dos programas de televisão foram para ralo. Faz tempo. É muito “reality show”. A realidade medíocre. É tudo farinha do mesmo saco.
E nessas horas de desespero o pessoal da cozinha televisiva começa a requentar os pratos de ontem. Fórmulas gastas e obsoletas. Shows, novelas, programas de auditório parecem comida requentada. Ninguém engole. Nem para agradar a mãe. Parece aqueles filmes da semana de natal e da páscoa. “O Manto Sagrado”, por exemplo. Já olhei umas quarenta vezes.
E nem a TV paga é boa. É noventa por cento de lixo para dez por cento de utilidade. Com a séria desvantagem que é caríssima e tem propaganda. Pode? Pagar para ver publicidade?
De modo que a queda é vertiginosa. E a explicação não está apenas nas novas formas de ocupação e utilização do tempo de lazer, a exemplo de computadores, notebooks, tablets, ipods, ipads, iphones, entre outros.
Mas mesmo toda essa parafernália não supre nossa necessidade de fantasia, sonhos e mitos, capazes de adocicar as dificuldades que a vida e a sobrevivência nos impõem.
Pão e circo, queiramos ou não, ainda é a metáfora antiga e corriqueira em todas as civilizações. Ao pé da fogueira e dos contadores de estórias, das praças públicas ao teatro, do rádio ao cinema, e agora a internet.
E a agora as perguntas finais. Se a audiência cai, e continua caindo, porque o nível de qualidade televisivo cai junto? Não deveria ser o contrário: se a audiência cai, o nível não deveria subir para recuperar a clientela?
Uma resposta que ouço muito diz que os comunicadores e programadores dizem e fazem o que o povo espera e quer. Então, a culpa seria do próprio povo?

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