12 dezembro 2012

Reféns da Criminalidade

Sábado à noite. Cinco minutos depois de minha chegada, a aniversariante abria novamente o portão para receber mais um casal de convidados. Foram surpreendidos por um ladrão de carros. Com o revólver “três-oitão” na cabeça das vítimas, pediu as chaves e documentos. Felizmente, ninguém reagiu. Essas cenas se repetem todos os dias e noites em todos os municípios brasileiros. Muitas vezes com conseqüências trágicas. Enquanto acontece com o outro, não damos muita “bola”, certo? Afinal, vivemos tão (con)centrados em nosso “umbigo” que não paramos para refletir sobre o estado das coisas e as soluções necessárias para sua superação. Refiro-me à questão social e ao banditismo. A pobreza, o desemprego, as crianças na rua sem pai nem mãe, o lixo revirado por humanos famintos e carentes, comércio de drogas, a miséria humana em cada calçada. E, a reboque, o banditismo e a inerente e conseqüente violência. Apesar de nosso “faz de conta que está tudo bem”, sentimos a constância do golpe e a realidade negativa. Sabemos que estamos acuados e ameaçados. O que são nossas casas e pátios, edifícios e empresas? Todos gradeados. Altos muros e cerca elétrica. Alarme na casa e cão feroz no pátio. À porta das casas e edifícios, guaritas guardadas por subempregados fazendo “bico”. Gente com medo “protegendo” outras pessoas com medo. As ruas são imensos corredores gradeados. Verdadeiros alçapões. Quem buscar socorro em alguma casa ou pátio alheio, não tem por onde entrar, para onde correr. Presa fácil do bandido da hora. Sitiozinho? Quem não sonhava com um nas imediações da cidade, para morar ou repousar e praticar horticultura, receber familiares e amigos? Historicamente pacatas e pacíficas, as pequenas vilas e cidades do interior também já vivenciam a crescente violência e criminalidade. Drogas, assaltos, invasões, bancos e caixas 24 horas são explodidas. Sem cerimônia. Assim tomados de medo, ainda que dissimulado, em cada transeunte que passa vemos um suspeito, uma ameaça ao nosso bolso e integridade física. Estamos afundados na síndrome do pânico, da desconfiança, da insegurança. Incapazes até de reagir construtivamente. A exceção dos otimistas, lógico. São os desinformados. Estamos todos absolutamente errados e omissos sobre esse assunto. Os governantes com seus discursos ufanistas e demagógicos. E nós cidadãos por acreditarmos que as autoridades serão capazes de resolver o assunto. Como que cegos e autistas, ainda há pessoas que acreditam que somos um povo feliz e cordial! Ora, ora, por favor, simplesmente somos uma nação à beira de um ataque de nervos. Reféns da criminalidade!

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