09 outubro 2013

Invasões Bárbaras

Ocorreu mais um episódio trágico na costa da Itália, assim como já ocorrera na Espanha e em outras nações européias às margens do mar Mediterrâneo. Em busca de trabalho, legiões de miseráveis africanos atrevem-se ao mar em embarcações frágeis. Se não morrem de fome, sede ou afogados, e alcançam a terra, são, porém, deportados.

A procura humana por locais melhores para fins de habitação e sobrevivência não é novidade histórica. Assim como o sentimento de rejeição ao estrangeiro, a xenofobia. Originariamente, bárbaro significava o estrangeiro, pessoa estranha e alheia aos costumes de um lugar. Depois, principalmente com as invasões germânicas durante a Idade Média, o termo passou a ter conotação pejorativa.

Durante décadas, a Europa acolhera estrangeiros. Nos últimos anos, entretanto, mudaram as relações de trabalho, mudou o mundo. Face o generalizado desemprego cresce o sentimento de rejeição aos imigrantes. Não só em relação aos africanos ou sul-americanos. Também em relação àqueles vindos do leste europeu. E mesmo na unificada Alemanha um alemão originário do lado oriental sofre o preconceito.

Do lado de cá do oceano, face os graves problemas enfrentados pela maioria dos países vizinhos, acontece um movimento migratório rumo ao Brasil. Mas, anotem: não demorará e também revelaremos nossas diferenças com os estrangeiros que virão ocupar nossos postos de trabalho.

Apesar do discurso ufanista e governamental, e as estatísticas maquiadas e distorcidas (uma pergunta: os milhões de brasileiros que recebem bolsa-família são empregados, subempregados ou desempregados?), o desemprego está aí, sobretudo entre os jovens.

Então, não ouso criticar os outros povos e suas reações, por mais antipáticas e desumanas que sejam ou possam parecer. Em outras palavras: o grande desafio do século será reinventar as relações de trabalho e as oportunidades de sobrevivência para todas as nações.

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