O governo brasileiro tem perdoado dívidas de outros países, notadamente nações africanas. Embora tenhamos razões e profundos laços históricos e culturais com a África, é importante esclarecer que não somos os únicos a assim proceder.
Outros países também perdoaram, principalmente os participantes do G8. Trata-se de um movimento internacional de perdão e renegociação de dívidas direcionado a países de extrema pobreza.
Entretanto, o que incomoda é que muitas nações beneficiadas são comandadas por ditadores sanguinários e seus familiares. Acusados de corrupção, roubo, lavagem de dinheiro, desvio de recursos públicos, enriquecimento ilícito e assassinatos.
Alguns têm e mantêm inúmeras propriedades e depósitos financeiros no exterior, e estão entre as pessoas mais ricas do mundo. Outros respondem a processos em tribunais internacionais.
Entretanto, cabe um senão e esclarecimento importante: são raras as democracias na África. Possível e negativamente, influenciado pelo antigo colonialismo europeu. E pelo fato de que a maioria das nações tem origens históricas e políticas de natureza tribal.
Assim como tem chamado atenção o perdão das dívidas africanas, também tem merecido expressivo destaque e notícia a relação do governo brasileiro com Cuba.
Assunto mais recente foi a inauguração do moderno Porto de Mariel, com financiamento (US$ 800 milhões) do nosso BNDES e execução da construtora brasileira Odebrecht. É o maior investimento brasileiro em portos. Muito mais do que o investido nos caóticos e atrasados portos brasileiros.
Coincidência ou não, dominada pelos ditadores (e irmãos) Raul e Fidel Castro, trata-se de mais uma nação não democrática financiada com dinheiro dos brasileiros e com atuação de empreiteiras brasileiras.
Não pretendo fazer as mesmas ilações e relações que partidos de oposição fazem: de que seriam transações suspeitas e objeto de favorecimento e financiamento do Partido dos Trabalhadores (PT) através das empreiteiras.
Quero fazer outra indagação: orgulhosos de nossa democracia, e atualmente sob comando de líderes que se dizem de esquerda e libertários, o Brasil não deveria submeter/liberar esses perdões e financiamentos à pré-condições formais de transformação política dessas nações escravizadas pelos tiranos de ocasião? Dito de outra forma: o governo brasileiro está apoiando essas ditaduras?
Quero crer que a indignação dos brasileiros não está associada ao perdão de valores financeiros e empréstimos, mas sim ao fato de que significam um estimulo político à manutenção dessas ditaduras!
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