21 maio 2014

Freud Explica

Freud explica

Repercute mais um caso de racismo. Ecoa menos pelo ato em si, mais pela inovadora reação do atleta em questão. Estamos de acordo sobre a importância de atos e legislações que inibam, coíbam e punam a sucessão destas atitudes que ofendem a integridade e dignidade humana.

Entretanto, entendo que essas atitudes ofensivas e odiosas, a exemplo de milhares que a história fartamente demonstra em todos os quadrantes, estão menos relacionadas a questão de nossas cores corpóreas, e muito mais às origens étnicas, nacionais e sociais.

A discriminação por etnias, povos, nacionalidades e estratos sociais é secular e interminável. Com acontecimentos gravíssimos como foram os vários genocídios.
Índios e habitantes nativos foram e são, desde sempre, discriminados em todos os países. Europeus de várias nações, russos e alemães, por exemplo, ainda hoje discriminam seus iguais e nacionais.

Evidentemente, o núcleo de nossas contradições comportamentais (em relação aos outros) está diretamente relacionada à visão que temos de nós mesmos. Como não poderia deixar de ser, acreditamos que somos melhores que os outros. Falso ou verdadeiro, não importa. Ato de defesa pessoal psicológica ou real, também, não importa.

Essas reflexões nos conduzem às feridas narcísicas que nos infligiram três cientistas. Refiro-me a conhecida correlação entre Copérnico, Darwin e Freud.

O matemático e astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473-1543) demonstrou que o planeta Terra não era o centro do universo (teoria geocêntrica). Afirmou que a Terra girava em torno do Sol. Dedução de Freud: o homem não era o destinatário de uma centralidade celestial e divina, como pregava a igreja medieval.

O cientista e naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882) desvendou outra ilusão humana. Abalou o mito da criação divina ao defender a tese de que somos parte de um longo processo evolutivo de várias espécimes e seres orgânicos. Seríamos uma evolução biológica dos macacos.

Finalmente, o próprio médico neurologista alemão (e criador da psicanalise) Sigmund Freud (1856-1939) é responsável pela terceira desilusão humana. Graças às suas observações e pesquisas clínicas, concluiu que o homem não é “dono” das suas próprias ações. Reflexos e ações inconscientes governam a determinação dos seus atos e decisões. Ou seja, não somos “governados” por nosso consciente.

Assim, entendo que os históricos atos de discriminação, de todas as discriminações, são frutos de nossa equivocada visão sobre nós mesmos. Ainda nos julgamos melhores que os outros.

Quando teremos plena consciência? Às vezes, “o outro” poderemos ser nós mesmos. Então, conheceremos o amargo sabor do próprio veneno!

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