16 junho 2007

Ilusão de Ótica e de Ação

A ascensão e queda das expectativas políticas nutridas pelos militantes partidários e pelo povo, bem como a histórica e repetida evaporação das esperanças depositadas nas urnas, parecem ser uma sina, uma danação, uma praga brasileira.

Regra geral, uma vez no poder, os partidos e seus representantes acomodam-se de tal modo que esquecem o conjunto das promessas e das responsabilidades públicas.

Por exemplo, o PT - a frustração do momento de eleitores e partidários, confirma que não tinha um projeto de governo. Apenas um projeto de poder. Quer dizer, bom para ele, pior para o povo.

Estes fenômenos de transformação da essência partidária e ideológica não são novos. A Arena, por exemplo, de um projeto de transformação da política nacional, redundou num monstrengo. O PMDB, que sucedera a Arena, igualmente migrou de uma esperança e unanimidade para uma decepção unânime nacional.

Entretanto, em comum e em qualquer época, os partidos têm alguns filiados e simpatizantes que supõem que ainda resta uma possibilidade de retomada do caminho e da vocação original.

Trata-se da mudança/revolução por dentro. Embora possa significar uma esperança para partidários e eleitores, trata-se, infelizmente, de uma ilusão de ótica e ação, de um desejo que não resiste à realidade.

As estruturas partidárias são rígidas e extremamente sensíveis à influência/benefícios/regalias do poder. Não são sensíveis aos sonhos e idealismos.

Na verdade, sempre reinou um clima de salve-se quem puder, isto é, quem está dentro, está dentro e pode se dar bem. Basta não incomodar.

Em suma, sucedem-se compromissos e trajetórias históricas e populares comprometidas pela ambição, soberba e arrogância dos carreiristas.

Começa-se com pequenas concessões e acaba-se em grandes escândalos. E belas páginas da história de um partido vão para o ralo da história maior.

A lastimar neste processo de pauperização da prática política, é que, regra geral, muitos inocentes tombam no caminho, implacavelmente. Vítimas da retórica e da demagogia!

Mas tombam também pelo caminho as esperanças, cada vez mais escassas, e crescem as descrenças e as desconfianças nas possibilidades de superação de nossas contradições sociais através deste processo político-eleitoral.

Em verdade, neste vai-vem da política, aprendemos a sentir o amargo sabor da verdade e da realidade. Á medida que a utopia e a paixão dão lugar à compreensão acerca das fraquezas humanas e das vocações autoritárias dos grupelhos políticos, aprendemos a valorizar os instrumentos básicos de um Estado Democrático de Direito.

O que não significa que devamos abafar ou sepultar os nobres sentimentos e esperanças que alimentamos em nossas consciências, sobretudo em torno de um senso de justiça social, nem diminuir nosso empenho e participação comunitária.

A aprender, é que na política, como no amor, por conta de nossa idealização, demoramos em ver os defeitos de nosso objeto amoroso.

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