22 janeiro 2008

MST e o caminho da roça

Uma característica comum aos inventos da humanidade é a hierarquia da técnica e da criação intelectual em superação e detrimento do esforço braçal.

Tocante aos processos e aos meios de produção, resulta que a maioria dos bens é planejada, construída e obtida de forma mais fácil e ágil.

Conseqüentemente, ocorrem ganhos de produtividade que possibilitam um aumento de produção a um custo menor por unidade.

Importa dizer, também, que esta evolução dos processos exige a permanente incorporação de mão-de-obra qualificada. Isto determina uma transformação nos destinos habituais da mão-de-obra.

Por exemplo, a agricultura e a indústria já não são mais os grandes empregadores de mão-de-obra. Atualmente, mais eficientes e tecnologicamente aparelhados, empregam menos gente.

Assim sendo, os trabalhadores marginalizados ou excluídos por este processo migram e adaptam-se ao setor de serviços, necessariamente. É como se fosse uma seleção darwinista do trabalho.

Haja vista nosso histórico agrícola e as contradições da dinâmica de ocupação do solo, um dos expoentes da política nacional é o MST – Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra.

Um parêntese aqui: este artigo não se destina a questionar as outras significações atribuídas (com razão!) ao MST, a exemplo de aparelhamento político-partidário, agente de desestabilização jurídico-institucional, e arrebanhador e enganador de (des)esperançados urbanos e rurais.

O MST defende, basicamente, uma reforma agrária nos moldes de pequenas propriedades. Uma idealização em torno da mobilização familiar, da agregação de valor à pequena produção de hortifrutigranjeiros, entre outras variáveis.

Na realidade, esta opção é limitada a grupos menores e destinada à manutenção dos atuais produtores rurais. Não é um destino viável para as grandes massas de egressos do campo e da indústria.

Hoje, o MST é um movimento anacrônico e superado pelas circunstâncias históricas e tecnológicas. Seus idealizados modelos não têm nenhuma condição de competição no atual mercado, dinâmico e de produção em larga escala, dominado por grandes corporações agrícolas, inclusive exportadoras.

A proposta do MST é contrária à tendência mundial e, inclusive, contrária às possibilidades comerciais e de enriquecimento pessoal (profissional, financeiro e material). Desejo de todo trabalhador.

As estatísticas mundiais confirmam: quanto mais rico um país, mais concentrada está sua economia no setor de serviços, e menor a participação da agricultura e da indústria.

A questão nem mais é ideológica. Simplesmente, é de lógica matemática e de mercado. Basta verificar e comparar: a média da participação da agricultura no produto interno bruto (PIB) dos 10 países mais ricos é de apenas 1,7%, enquanto dos 10 mais pobres é de 22,5%.

Inversamente, o setor de serviços entre os países mais ricos representa quase 80% da sua economia. Já entre os mais pobres, o setor de serviços responde por apenas 45% da economia.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a agricultura representa apenas 1% do PIB. A indústria 20%. Mas 79% da riqueza vêm da área de serviços (dados de 2005).

Não nos resta outro caminho senão o intenso investimento em educação e formação profissional de modo a preparar estes contingentes humanos para o setor de prestação de serviços.

A opção do MST significa o caminho da roça! Em linguagem de futebol, “o caminho da roça” significa o ponto mais fraco e vulnerável de um time. Mais precisamente, o caminho do gol. Contra!!!

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