05 junho 2008

Ética, Poder e Corrupção

Os desvios de conduta no exercício do poder, e a corrupção, por conseqüência, são pragas sociais, sem distinção de classe e nível social, de atuação econômica ou funcional.

Infeliz e sistematicamente, nossa nação aparece na lista mundial dos países com maior índice de corrupção. E a categoria-líder nacional, disparada em primeiro lugar, são os políticos, alvos expostos e preferenciais do tiroteio.

Mas, esclareça-se, antecipadamente, que não se trata de um problema de exclusividade do setor público, mas, sim, também do setor privado.

As condutas aéticas e a corrupção nas empresas têm determinado – existem inúmeros estudos a respeito – aumento nos custos médios dos produtos e se constituído como um dos fatores de perda de competitividade nas relações comerciais.

Também não se trata de segmentar a crise de conduta e a corrupção entre pessoas boas OU más, pobres OU ricos, público OU privado (aliás, o público e o privado andam sempre de mãos dadas!).

A verdade é que o povo espera muito dos poderes públicos. Reconhece que sua incorporação social e econômica passa pela ação do estado. Por isto, faz sentido que aguarde bons exemplos e atitudes dos governantes!

Porém, na exata dimensão em que não ocorrem os atos de gestão que viabilizem essas perspectivas sociais, e do mesmo modo que se sucedem os escândalos, cada vez maiores em intensidade e número, a frustração e a resignação contaminam toda a sociedade. E de roldão restam ridicularizados os conceitos de ética, honestidade e justiça!

Vivemos um acentuado e grave ambiente de indiferença social que transcende às relações políticas, pessoais e profissionais, comprometendo conceitos éticos mínimos, fundamentais para constituição de uma verdadeira sociedade e para a superação de suas diferenças estruturais.

Selecionar um corrupto ou um não-ético por semana e exibi-lo em rede nacional de TV não tem diminuído a safadeza nacional. Aliás, ultimamente, sucedem-se as reuniões em que líderes (?) partidários, denunciados e processados pela justiça brasileira, são aplaudidos e reverenciados. E tem quem os adote como modelos!!!

São vários os exemplos dessas “figurinhas carimbadas”, públicas e privadas, que “flutuam no palco” com a desenvoltura de sempre, como se nada houvera; muitos, inclusive, com fama de “competentes e com serviços prestados à população”. Repito: tem quem gosta!!!

De modo que resta uma objetiva pergunta: quem disse que a crise ética e comportamental está restrita à Brasília e aos demais núcleos de poder político?

Trata-se de uma patologia que exige um tratamento sistêmico, cujos pressupostos essenciais são, basicamente, a educação do povo, a transparência dos atos gestão pública, a desconcentração das estruturas de poder, a quebra de monopólios públicos e privados, e principalmente, tocantes aos indiciados, uma eficaz ação e julgamento judicial, com repercussões punitivas.

Daí que as notícias que vem “da corte brasiliense e dos arredores do castelo do rei”, e que dão conta de debochadas articulações e nomeações para cuidar da imagem do reino, são apenas conseqüência e detalhes de um problema muito maior!

Nenhum comentário: