15 setembro 2008

A Invasão das Mulheres-Fruta

Os espectadores mais velhos lembram d’O Homem do Sapato Branco, de Flávio Cavalcanti, do Chacrinha e suas chacretes, da Dercy Gonçalves e seus palavrões.
Mas a ingênua ousadia do passado não alcança a desfaçatez dos atuais programas de auditório, notadamente àqueles relacionados ao estilo de biguebróderes, gugus, lucianas, leões e ratinhos. Um pânico geral na televisão brasileira. Literalmente!
Ultimamente, acresçam-se as novas celebridades femininas que atendem pelo nome de frutas. As mulheres-melancia, moranguinho, jaca, berinjela, maçã e outras mais. Direto das gôndolas para as revistas e os programas de televisão.
Líderes da preferência nacional, se sucedem as bundas e seios cirurgizados, siliconados e turbinados, em permanente estado de exposição analógica e digital.
De diferentes origens e raças, pequenas e grandes, arrebitados ou não, se revesam nos palcos da vida, rebolando suas razões existenciais e seus ideais artísticos, para além da dança da garrafa.
Têm audiência, planos e objetivos. Existem e repercutem no mundo sócio-econômico, criando estilos e “fazendo” moda. Em suma, toda a nudez não será castigada!
Ironias à parte, a desqualificação geral da programação da televisão aberta está relacionada aos objetivos de quem decide e tem o controle acionário dos negócios.
Trata-se, evidentemente, de manobra comercial que obriga o espectador mais exigente a migrar para a assinatura da TV a cabo.
Mas a massificação e mediocridade da programação é conseqüência também de outras variáveis. Indiretas, mas influentes.
Por exemplo, a multiplicação das opções de lazer eletro-eletrônico (internet, videogame, dvd) oferecido às classes de maior poder aquisitivo afastam-na da programação televisiva comum.
Também, a impressionante queda de preços dos televisores comuns (face à ascensão da televisão digital) facilitou sua aquisição à totalidade da população.
Consequentemente, seja pela falta de opções de lazer condizentes com sua origem, sua inserção social, suas limitações e dificuldades financeiras, principalmente, o povo tem na televisão sua mais expressiva opção de lazer.
Assim, somados baixa escolaridade popular e ausência de outras opções de lazer, resta potencializada a audiência. E o brasileiro é presa fácil e refém da banalização!
Sem cair na tentação da censura e ação governamental, um caminho possível de combate e remoção dessa avalanche de mediocridades consiste no boicote aos produtos dos respectivos patrocinadores.
Regra geral, são empresas e produtos tradicionais, de larga penetração comercial, que não suportariam abalos de imagem.
Se assim não for, os programas deseducadores, desinformativos e desavergonhados continuam e abundam, com perdão do trocadilho!

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