13 fevereiro 2009

Prometeu e o Abutre

Na identificação e conceituação de (quase) tudo, e sempre, a perspectiva e a proximidade são fatores determinantes. Também, e ao fim, ainda se acrescenta um juízo de valor otimista ou pessimista.
Mas se perspectiva e proximidade são fatores objetivos e mensuráveis, os juízos de otimismo e pessimismo são sujeitos e influenciados por motivações e interpretações pessoais e/ou grupais.
Dito isso, quero contestar o ufanismo governamental e seu séquito obediente e nababesco.
São poucos os países no mundo que tem uma distância e uma convivência tão injusta entre sua riqueza real e potencial e a pobreza material e pessoal dos seus habitantes.
Se no passado, em outra circunstância histórica, o Estado foi responsável por ondas de progresso social e industrializante, hoje é o principal fator de atraso e travamento do desenvolvimento nacional.
A nação está sufocada em seu potencial de crescimento social e econômico por um Estado não funcional, perdulário nos seus gastos, inoperante e incompetente nos investimentos produtivo e educacional.
A excessiva e inesgotável centralização estatal retroalimenta sua insaciável voracidade tributária e determina, na mesma proporção, as negociatas, falcatruas e a corrupção.
O Brasil parece Prometeu. Um gigante acorrentado a uma rocha pelos grilhões e condenado a ter seu fígado devorado por um abutre que o debilita continuamente.
No papel do abutre devorador está o Estado (governo federal, principalmente). Prometeu é o povo brasileiro. O fígado é seu bolso e seu futuro.
Dia e noite, noite e dia o “abutre” suga o bolso dos cidadãos acorrentados às centenas de grilhões tributários, fiscais e regulatórios e uma burocracia vigilante e persecutória.
Mas a dependência e os grilhões também são psicológicos. Diariamente, o povo apela e quer que o Estado resolva pequenos problemas locais.
Irônica e paradoxalmente o povo insiste em cobrar serviços desse mesmo e falido Estado, que lhe faz pequenas concessões com “uma mão” e lhe retira mais com a “outra mão”. O centralismo contaminou a sociedade.
Se não dermos um basta ao abutre, e nos libertarmos da ignorância e dos grilhões, continuaremos acorrentados.
Na mitológica história grega, Prometeu e seu irmão Epimeteu foram encarregados pelos deuses para criar homens e animais.
Esgotados os recursos disponíveis, ficara pendente a determinação da superioridade humana. Prometeu, então, destina o domínio do fogo aos humanos. Mas para isso roubara o fogo, exclusividade dos deuses.
Como castigo a Prometeu, Zeus, o senhor do Olimpo e deus supremo, ordenou que fosse acorrentado ao monte Cáucaso, onde todos os dias um abutre ia dilacerar seu regenerável fígado. Esse castigo devia durar 30.000 anos!

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