06 fevereiro 2009

Sonhar e aventurar

A renovação da utopia e o congraçamento universal são as marcas da organização e realização do Fórum Social Mundial, recém encerrado em Belém do Pará.
Um evento de contraposição à inevitabilidade histórica, ou ao dito fim da história. Um delírio coletivo aos olhos e coração de um conservador!
Politicamente conscientes ou não, conservadores acreditam que “a vida é assim mesmo, que as pessoas são o que são, e que os governos são todos iguais, enfim, o mercado é que sabe.”
Mas é possível crer em “outro mundo”. Povos e governos experimentam ao longo de suas existências diversas teorias políticas e econômicas, alternando sucessos e fracassos.
Historicamente, nos dois extremos das experiências recentes encontramos o capitalismo e o comunismo, teorias ainda em busca de uma síntese. Imaginava-se essa síntese realizada no Estado de Bem-Estar Social tipo europeu, o famoso welfare-state.
Infelizmente, as alterações geopolíticas na Europa modificaram dramaticamente aquela realidade, submetendo-a a graves distúrbios sócio-econômicos alavancadas pelo massivo desemprego.
De modo que, mesmo sob protestos reina o capitalismo com todos os seus defeitos. E no núcleo de tudo, o egoísmo, isso que alguns denominam de inevitabilidade da condição e natureza humana.
Ultimamente, a mundializacão da economia e a concentracão do capital afetam e comprometem a unidade e coesão social dos povos. A supremacia dos mercados parece agravar as desigualdades econômicas.
Consequentemente, a imperfeição do modelo dominante legitima a revolta e a agitação popular. São incertezas e contradições que demandam um esforço e exercício de mobilização, resistência, organização e construção de alternativas.
Todavia, vacinados contra tiranetes e demagogos, há de se lembrar sempre que não podemos prescindir do exercício da liberdade, tolerância e solidariedade.
E no exercício dos pensamentos e dos ideais almejados já fluem algumas utopias reunidas. Vejamos:
As relações econômicas devem estar a serviço da pessoa, e não a pessoa a serviço da economia. A economia é objeto da pessoa e esta seu sujeito, e não a economia sujeito da pessoa e esta seu objeto.
A liberdade de autodeterminação não pode se limitar a capacidade e autonomia de consumo, mas alcançar à idéia de um sentido próprio a vida, de sua consagração positiva.
Resumo das utopias reunidas: trata-se de alimentar a esperança de que a razão e a solidariedade podem superar o instinto predador. Não custa sonhar e se aventurar!
“Aventurar-se causa ansiedade, mas deixar de arriscar-se é perder a si mesmo. Aventurar-se no sentido mais amplo é precisamente tomar consciência de si próprio.”, dizia o teólogo e filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard (1813-1855).

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