18 maio 2009

Crise de Pertencimento (reflexos dos escândalos)

Crise de Pertencimento
(reflexos dos escândalos)

Historicamente, por causa das guerras, invasões e pestes, os povos desenvolveram a necessidade de organização social, a exemplo de fortificações, vilas e cidades.
Essa convivência determinou o surgimento de um sistema de idéias e valores da vida em sociedade, suas possibilidades, expectativas e o papel social do indivíduo.
Segundo o sociólogo alemão Max Weber (1864-1920), seria uma “comunidade política”, voltada para a ação, partilhando valores, costumes, uma memória comum, criando uma “comunidade de sentido”, um “sentimento de pertencimento”.
Pertencimento, ou o sentimento de pertencimento, pode ser entendido como uma idéia ou crença que une as pessoas e expresso por símbolos e valores sociais, morais, estéticos, religiosos, políticos, dentre outros.
Sentir-se pertencente a um lugar, sentir que tal lugar também nos pertence, sentir que vale a pena interferir na rotina e nos seus rumos.
É um sentimento muito parecido com a identificação que estabelecemos com nosso clube social, nosso colégio, com o time de futebol pelo qual torcemos, a terra onde nascemos, nosso bairro.
Daí também nasce a expressão “bairrismo”. Orgulhosa e positivamente falando, é o que se manifesta quando alguém pergunta sobre nosso estado, nossa cidade, nossa vila, nosso povo.
Não é a toa que as comunidades têm suas festas típicas, seus monumentos, atrações artísticas e culturais, tradicionais empresas, homens públicos e artistas de renome.
Ou, então, elogiosas e referenciais características de desenvolvimento sócio-econômico, como progresso, modernidade, urbanidade, limpeza, etc...
Bem, isso tudo é coisa do passado. Em tempos de empobrecimento e desemprego, popularização de (maus) costumes, razões sociais e culturais em desvalorização, todos valores, práticas e comportamentos estão em xeque e estado de choque.
Mais otimista, alguém dirá: mas restam as leis que regem a sociedade, que fundam, fixam e norteiam nossas ações e a vida em sociedade.
Nesse cenário ininterrupto de deboche, fingimento e impunidade, mesmo as leis que restam são como idealizações que não resistem a realidade.
Então, resumindo, sobre valores sociais, costumes comunitários e leis, sempre haverá aquele que pensa e age diversamente, indiferente às construções sociais do passado, e que, deliberadamente ou não, não compartilha dos mesmos costumes!
Pergunto: sobreviverá o ideal do pertencimento? A considerar os históricos valores sociais e suas motivações inaugurais e a degradação em curso, ainda há motivos para ufanismo coletivo e comunitário?

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