07 novembro 2009

L.I.V.R.O.

É animador e fascinante ver a proliferação de encontros e feiras do livro. O Brasil é um grande produtor e editor mundial de livros. Grande também é o número anual de lançamentos e novos autores.
Mas nossos índices de leitura são baixíssimos. Um dos fatores que contribui para a reduzida média de leitura de livros por habitante é, sem dúvida, o elevado preço dos livros, consequência das baixas tiragens, principalmente.
Considerando os modestos salários da imensa maioria do povo e o conjunto de suas necessidades básicas, o preço relativo do livro é alto.
Por exemplo, um livro que custe R$50,00 representa dez por cento do salário líquido da maioria dos trabalhadores. Portanto, o livro é inacessível e fora das prioridades da família.
O leitor poderá lembrar que há as bibliotecas e os programas governamentais de doação de livros. Porém, bibliotecas quase sempre estão longe, demandam oportunidade, tempo e gastos de transporte.
E os programas governamentais, regra geral, são equivocados quanto à seleção de títulos, tiragens e distribuição. Isso sem falar nas fraudes, superfaturamento e corrupção que inviabilizam financeiramente a concretização e continuidade dos programas idealizados.
Também, quando se fala de livros e hábito de leitura, não podemos esquecer a concorrência da televisão, essa máquina implacável na produção da preguiça mental e na deturpação do bom gosto, à conta de programações estúpidas.
Por óbvio, seja pela falta de opções qualificadas de lazer condizentes com sua origem, sua inserção social, suas limitações e dificuldades financeiras, principalmente, o povo tem na televisão sua mais expressiva opção de informação, diversão e “cultura”, tornando-se, entretanto, refém e objeto de manipulação, para o bem e para o mal.
Além da concorrência televisiva, soma-se a multiplicação e superoferta de opções de lazer eletro-eletrônicos, a exemplo de DVDs, videogames e internet, principalmente.
Resumindo, o livro tem sérios concorrentes na sua resistência e luta em busca de leitores e fãs. Sofre inclusive ameaças físicas, haja vista que já há quem diga que o modelo tradicional (papel) está condenado ao desaparecimento, substituído pelo livro eletrônico.
Nosso irônico e melhor (e divertido) pensador Millor Fernandes (procure por ele na internet), escreveu um belo texto sobre o livro, que reproduzo parcialmente:
“Na deixa da virada do milênio, anuncia-se um revolucionário conceito de tecnologia de informação, chamado de Local de Informações Variadas, Reutilizáveis e Ordenadas - L.I.V.R.O.
L.I.V.R.O. representa um avanço fantástico na tecnologia. Não têm fios, circuitos elétricos, pilhas. Não necessita ser conectado a nada nem ligado. É tão fácil de usar que até uma criança pode operá-lo. Basta abri-lo!
Pode-se ainda personalizar o conteúdo do L.I.V.R.O. através de anotações em suas margens. Para isso, deve-se utilizar um periférico de Linguagem Apagável Portátil de Intercomunicação Simplificada - L.A.P.I.S.
Portátil, durável e barato, o L.I.V.R.O. vem sendo apontado como o instrumento de entretenimento e cultura do futuro.”
Ah, já ia me esquecendo: desligue a televisão e vá visitar a Feira do Livro, em Porto Alegre!

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