08 março 2010

Pena de Morte

As últimas duas semanas foram de notícias trágicas e muito sofrimento familiar em nossa cidade, Santa Cruz do Sul. O assassinato frio e cruel de duas mulheres e um homem mexeu com os sentimentos da população.
E nessas trágicas ocasiões um assunto sempre volta à tona, sempre retorna aos comentários do povo. A pena de morte!
Sabemos que se for feita uma pesquisa de opinião pública, ou mesmo um plebiscito sobre esse assunto, o voto a favor da pena de morte vencerá por grande diferença. Sem dúvida!
Há várias razões para ser a favor e muitas outras razões para ser contra a pena de morte.
Uma boa razão para ser contra diz respeito ao fato de que a justiça brasileira e o sistema policial ainda não são confiáveis o suficiente para não cometer erros. E assim sendo, o sacrifício de um único inocente não justificaria a adoção da pena de morte.
Também, eu creio que enquanto não resolvermos algumas necessidades básicas de nosso povo, educação e saúde, moradia e trabalho, principalmente, não podemos defender a pena de morte.
São necessidades básicas cuja falta tem levado muitos brasileiros ao desespero e a miséria, e conseqüentemente à criminalidade.
Claro, nem sempre isso é verdade. E mesma uma coisa não justifica a outra. Mas é isso que tem acontecido. E essa é uma das principais razões da criminalidade.
E no meio dessa discussão sobre a pena de morte, alguns equívocos de pensamento e raciocínio se repetem. Por exemplo: muitas pessoas pensam que com a implantação da pena de morte muitos criminosos pensariam duas vezes antes de cometer seus crimes e os assassinatos.
Na verdade, tem ocorrido o contrário. E há pesquisas em diversos países sobre isso. Onde a pena de morte é praticada os índices de criminalidade continuam elevados ou até aumentaram.
Outro pensamento equivocado: embora um tanto quanto inconfesso, há a ocorrência de um sentimento popular de vingança. Olho por olho, dente por dente!
Mas isso significa, isso é como se todos nós nos equiparássemos ao nível dos criminosos. Não creio que seja uma boa idéia.
Aliás, o grande líder e libertador pacifista da Índia, Mahatma Ghandi, já dizia - sobre a vingança - que "olho por um olho acabará por deixar toda a humanidade cega!"
Finalmente, também não devemos esquecer que quando o Estado executa um cidadão, na verdade somos todos nós que estamos erguendo a espada da morte. Apertando o botão que libera a energia da cadeira elétrica. Comprimindo a seringa da injeção mortal. Ou puxando a corda da forca.
E como nós nos sentiríamos quando aparecessem os erros dos processos policiais e judiciais? O que diríamos para as famílias dos inocentes que executamos?
Repito, enquanto não progredirmos na solução de nossos problemas sociais e realizarmos a modernização dos presídios - com a criação de colônias penais onde os presos possam trabalhar, e a melhoria dos sistemas policiais e judiciais, não creio que possamos ser a favor da pena de morte.
E, afinal, concluir também, filosófica e simplesmente, que para deter o mal, não devemos aumentar o mal!

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