11 novembro 2010

Eleições: onde estavam 29,2 milhões de brasileiros?

A pergunta acima admite diversas respostas e suposições. É o total de brasileiros que não compareceram para votar no segundo turno das eleições presidenciais. Precisamente 21,50% dos eleitores. Um em cada cinco brasileiros não apareceu para votar.
E o que explica essa imensa abstenção eleitoral no segundo turno? Com certeza, foi o feriado do Dia de Finados. “Feriadão”, na verdade. Afinal, muitos estados decretaram ponto facultativo na segunda-feira por conta do dia do funcionário público (28 de outubro).
Como se diz no local de trabalho: fizeram “ponte”. E alguns aproveitaram para fazer uma “ponte Rio-Niterói”: já viajaram na sexta-feira.
Somemos os ausentes (29.197.152) com os votantes “branco e nulo”. Foram 7,1 milhões de brasileiros que votaram em branco (2.452.597) ou anularam o voto (4.689.428). Um contingente de 36,3 milhões de pessoas.
Isso representa 26,76% do eleitorado brasileiro, a maior marca desde 1998. Em 1994, a soma da abstenção com os votos brancos e nulos foi de 32%. E subiu para 36% em 1998.
Então, o que aconteceu e por que aconteceu? Porque não votaram nem em Dilma, nem em José Serra? Admitem-se várias hipóteses. Somadas. Todas viáveis e razoáveis.
A rigor, todas são representativas, umas mais, outras menos. Sobre o feriadão já estamos de acordo. É o motivo-campeão. Mas vejamos outras hipóteses. Você pode julgar a importância e sua preferência.
Serão eleitores de Marina que repetiram seu voto e protesto em forma de ausência, nulo ou branco, e mantiveram sua crítica a Serra e Dilma?
Serão os frustrados com os escândalos, a exemplo do “mensalão” e do caso Erenice Guerra, e decepcionados com o PT (distante das antigas promessas éticas!)?
Ou será aquela parte do eleitorado que já “encheu o saco” com a polarização entre PT e PSDB? Aliás, essa tese explicaria o desempenho positivo de Marina e a abstenção do segundo turno.
Ou eles serão os eleitores mais conservadores, mais moralistas, e mais utópicos quanto à qualidade eleitoral, e que se decepcionaram com o baixo nível da campanha? De modo que decidiram não comparecer. Uma conclusão muito discutível, embora válida como observação.
Mas poderiam ser também eleitores de Dilma, e que certos de sua vitória também não compareceram às urnas, certo? Assim como poderiam ser os eleitores de Serra já resignados com a provável derrota, e optando, sem culpa, pelo “feriadão”?
E não podemos esquecer-nos de incluir os idosos nesse conjunto de ausentes. Afinal, tem crescido muito a população de idosos e que exercem a opção de não votar – um direito para quem tem mais de 70 anos. Mas creio que esse número é muito pequeno. Em geral, os idosos não abrem mão do voto!
Mas também pode ser que os ausentes sejam aqueles que foram ao “feriadão” sem “culpa” e com o maior prazer. Porque entendem que o voto é um direito, e não um dever.
Final e ironicamente, a soma de ausentes (abstenção), descontentes (nulo) e indiferentes (branco) supera em três vezes a diferença entre Dilma e Serra!

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