13 janeiro 2011

Governo? Tô dentro!

Encerrado o processo eleitoral e declarados os vencedores, assistimos – e continuamos assistindo – a montagem dos governos, tanto estaduais quanto o federal.
E entre movimentos e ações de todas as naturezas, corretas e incorretas, éticas e aéticas, fisiológicas e oportunistas ou não, destacam-se aquelas que indicam evidentes e gritantes distorções.
É o caso de partidos superados eleitoralmente que passam a integrar governos e maiorias parlamentares quando deveriam estar na oposição. Ou, ao menos, fora do governo!
Afinal, essa é a razão do processo eleitoral. Determinar quem vai governar e quem vai exercer a oposição e a vigilância das contas públicas. É o núcleo de nosso sistema democrático e político-partidário.
Mas como o povo tem pouca informação e memória curta, ninguém leva a sério esse quesito. Conseqüentemente, e sabedores dessa realidade, os detentores do poder tendem a desdenhar e corromper o sistema idealizado.
Em sua defesa, os governantes (e cooptadores) definem o procedimento como necessário para a governabilidade.
E de parte dos adesistas há vários argumentos. Dizem, por exemplo, que é preferível optar por cargos e responsabilidades que assegurem participação positiva (e belos orçamentos!).
Dizem mais: que as alianças de hoje são como uma vacina antioposição a ser usada no futuro, embora saibam que a política seja totalmente incoerente. Afinal, o “amigo” de hoje pode ser o “inimigo” de amanha. E vice-versa.
Agora falo eu: não concordo com nada disso. Este método de composição de governo e formação de maioria parlamentar, que eu prefiro chamar de construção de (falsos!) consensos, tem-se revelado recorrente, insolúvel, danoso e prejudicial aos interesses do povo brasileiro.
Resulta disso que o debate é sacrificado e impede-se o conflito a pretexto de que o consenso é positivo. Ou que o conflito é danoso e prejudicial à sociedade.
É como se fosse uma nova ideologia. Mas é uma falsa ideologia e deve ser denunciada. A carência de debates (e conflitos) gera uma mistificação e, com certeza, traduzirá uma falsa hegemonia de posição e relação de poder.
Políticos e partidos que se submetem aos “pedidos” governamentais e que optam por simples adesão, em verdade renunciam às suas faculdades e deveres institucionais. Isso quando não são “comprados”, a exemplo do “mensalão”.
Reiteradamente, o que temos assistido? Termina a eleição e já estão “entendidos”. Organizam-se em silêncio e pacificação. E resta o estado e a sociedade “capturados”.
O resultado de tudo isso é que a política perde seu sentido. Embora preserve sua institucionalidade e suas exigências sociais, a política fica desmoralizada por essas negociações e essas adesões.
Debate e o conflito são condições necessárias para um consenso de fato, em especial naqueles grandes temas que constituem os fundamentos da convivência social.
Afinal, esquecem que tão importante quanto governar, é exercer a oposição e a fiscalização. Não é que esqueçam. Não fazem questão de lembrar!

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