Quem vive e convive mais intensamente com as ações partidárias e da política em geral já percebeu, de uns vinte anos para cá, um notório e crescente empobrecimento no campo dos debates ideológicos, nas relações institucionais e nas próprias ações de governo.
Dentre vários exemplos dessa degradação ideológica se destacam as alianças sem critérios e não programáticas e a ausência de vozes dissonantes, quer no âmbito interno partidário, quer no ambiente competitivo entre os partidos políticos.
Tantos nas eleições quanto no dia-a-dia o ambiente é de extremo neutralismo, um repetitivo e não assinado “acordo de relações pacíficas”. Aliás, acordos e negociações mal-explicadas e mal-fundadas.
Não é à toa nem gratuita a desconfiança popular acerca das condutas dos parlamentares e dos dirigentes dos partidos.
Do ponto de vista dos ideais político-partidários e das necessidades inerentes a concepção de uma república é importante que os antagonismos apareçam.
Afinal, o pensamento e a prática política são essencialmente construtores e definidores das necessárias diferenças e conseqüentes estratégias.
Líderes em permanente “estado de concórdia” e sem discursos e compromissos programáticos bem definidos e sustentados geram partidos fracos e, conseqüentemente, relações institucionais medíocres e despolitizadoras.
Notadamente nos sucessivos debates presidenciais ficou muito evidente a negação qualitativa do debate, sem discussão programática e sem propostas objetivas, limitando-se os argumentos a desconstituição pessoal através de denúncias, intrigas e difamações.
Eleição após eleição, a marca tem sido a sucessão de monólogos eivados de promessas vãs. E de debates que não são debates haja vista a absoluta omissão em torno das grandes questões nacionais.
É isso. O processo eleitoral e as práticas partidárias tem se limitado a identificação, constituição e definição de “inimigos”, sempre de olho na próxima eleição. Bélica, passional e cegamente!
De certo modo (e paradoxalmente, haja vista os “acordões), isso explica por que vigora e prospera um ânimo de estabelecer uma hegemonia, ainda que evidentemente forçada e medíocre.
É verdade que a heterogeneidade da sociedade brasileira ainda não viabilizou um pluralismo. Um pluralismo construtivo. Mas isso não “autoriza” seus mentores (da hegemonia) moral e politicamente. Ou “republicanamente”, como gostam de propagar!
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