07 março 2012

Copa e Cozinha

Já escrevi várias vezes sobre essa história “Copa do Mundo e Olimpíadas no Brasil”. Principalmente, tocante a previsibilidade do óbvio já confirmados em relação aos preparativos da Copa de 2014: orçamentos hiperdimensionados, desperdício e improvisos. E estádios de futebol no meio do nada e em estados sem tradição na história futebolística.
O mais odioso nesse conjunto de abusos e absurdos é a total inversão das prioridades públicas. Ladrões e assassinos - que não acabam mais - sendo soltso por falta de vagas em presídios. Carência total de asilos e creches. Hospitais e atendimentos de saúde público insuficientes. Policiais e professores com salários medíocres. Mas o dinheiro para a Copa do Mundo não pára de jorrar!
Outra coisa irritante e estúpida. Julgar que o ufanismo de alguns, a euforia de outros e o otimismo das autoridades em torno da Copa do Mundo sejam sinais de patriotismo, enquanto que o realismo crítico dos demais – contrários a esse absurdo - se constitua em pessimismo, em não “querer ver o Brasil potência”, etc...Quanta bobagem!
E nem vou falar das recentes, ridículas e patéticas intervenções de falso nacionalismo a cargo de autoridades que se sentiram ofendidos pela indelicada crítica de um representante da FIFA que disse que os brasileiros mereciam um pontapé na bunda para fazerem as coisas andarem. Indelicada crítica sim, mas procedente. Afinal, não está tudo atrasado e a “a meia-boca”?
Outro argumento que incomoda: dizem os defensores “da coisa” que agora “não dá mais para reclamar. Temos que fazer as obras e organizar tudo!”. Seu sentido até parece com aquela frase famosa: já que o estupro é inevitável, relaxa e goza!
Vou repetir duas perguntas. Nosso Congresso Nacional foi consultado formal e legalmente se deveríamos nos candidatar e sediar esses eventos, bem como alertado acerca da dimensão de um hipotético ônus estatal superveniente?
Representantes de entidades privadas e (na companhia de) autoridades brasileiras habilitaram a nação para a recepção desses eventos. Essas autoridades públicas estavam investidas desse poder deliberativo e competentes na sua dimensão onerosa?
A FIFA é uma rica entidade privada que explora um grande e igualmente milionário negócio. Costuma fazer grandes exigências aos seus anfitriões, além de exigir flexibilizações de eventuais restrições legais aos seus objetivos comerciais.
Um dos pais “dessa criança”, possivelmente o principal, é o presidente da Confederação Brasileira de Futebol-CBF. Denunciado por jornalistas internacionais por negócios escusos, atualmente é tido como provável renunciante e “(pré)fugitivo” para Miami (EUA). Irônica e inacreditavelmente!
Final e francamente, quais são os adjetivos adequados para nomear e qualificar as longevas, sucessivas e inúmeras intervenções público-privadas nacionais e gaudérias, e cujo ápice foi a “convocação” do ex-marido da presidente Dilma para agir no caso Beira-Rio?
E o que dizer – quando ficamos sabendo, depois negado - sobre a hipótese de que o IPE – Instituto de Previdência do Estado (RS) poderia participar na garantia das obras do Beira-Rio?

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