06 junho 2012

Voce é "um classe-média"?

No que diz respeito a autopropaganda, governos e governantes são todos iguais. De um modo ou de outro, querem e precisam provar e comprovar ao cidadão (e eleitor!) tudo quanto de bom e útil fizeram em serviços e obras públicas. Regra geral, e nesse intuito, também acham que são “o centro do mundo”, e que todo o progresso e o desenvolvimento sócio-econômico são frutos de sua gestão. Divulgar, informar, esclarecer, entre outras iniciativas, é essencial. Tudo certo, se não acabassem sempre exagerando, se valendo de manipulações e meias-verdades. O governo federal tem exagerado na retórica acerca de sua paternidade nas transformações econômicas e sociais. Principalmente em relação a ascensão de camadas populares a outros e maiores níveis de renda e consumo. Agora ditas como a nova classe média. Primeiramente, importa anotar que a ascensão de determinados grupos se deve muito mais a estabilização da inflação e dos esforços familiares e empresariais do que as iniciativas de governo. Aliás, governos têm extraído cada vez mais recursos das famílias através dos já conhecidos e extorsivos impostos de todas as naturezas. Recentemente, a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE) definiu que integram a classe média brasileira as pessoas com renda familiar per capita (somando-se a renda familiar e dividindo-a pelo número de pessoas que compõem a família) entre cerca de R$ 291 e R$ 1.019. E que representariam 54% da população brasileira. E que as subdivisões dessa nova classe média seriam as seguintes: baixa classe média, com renda per capita entre R$ 291 a R$ 441; classe média, com ganho entre R$ 441 a R$ 641; e classe média alta, com rendimento entre R$ R$ 641 a R$ 1.019. Para chegar a esses números, disse ter levado em consideração o padrão de despesa das famílias e os gastos com bens essenciais e supérfluos. Pergunto: com esses valores e referências, você acha que é “um classe média”? E se você ganha mais do que R$1.019,00 (dou de barbada, e até proponho o dobro, o triplo...), então você é mais do que classe média? Quem sabe, classe B ou A? Você acredita nisso? Vejamos: com esses valores, é possível cobrir os seus gastos com saúde e educação, alimentação e lazer – e quem sabe uma viagenzinha anual? E a prestação da casa própria e do carro, o combustível e todos os impostos, o plano de saúde e o material escolar? E os etecéteras, que são muitos? É lógico que não! Resulta que isso é uma meia-verdade. É manipulação estatística. É pura propaganda. Um artifício para turbinar os feitos governamentais e “colorir” o imaginário popular, sempre tão carente de rótulos e estratificações. E nem precisamos lembrar e discutir os conceitos clássicos e históricos, marxistas ou não, que identificam e nomeiam o que vem a ser classe média. Conceitos que vão muito além de faixas específicas de renda e alcançam relações sociais, grau de escolaridade, qualificação profissional, entre outros igualmente relevante

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