19 setembro 2012

Ontem e Hoje (continuação)

Ontem e hoje (II) Na edição anterior, eu dizia que uma temática recorrente na “internet” são os arquivos que tratam das diferenças qualitativas entre gerações. Dizia também que comparar gerações e traçar paralelos sócio-comportamentais é de uma dificuldade crescente e proporcional a quantidade de variáveis - fatores sociais, econômicos e culturais - que incidem em cada geração. Por exemplo, na questão dos padrões de consumo. O consumismo. Com certeza, não havia a pressão que percebemos hoje dos filhos sobre os pais em termos de consumo. Assim, se poderia dizer que era uma geração menos consumista. Mas, importa dizer também que a oferta de bens e atrativos era bem menor do que hoje, o que de certo modo justifica a pressão atual. Muitos objetos e serviços de consumo atual, a exemplo de TV a cabo e banda larga de internet, celular e computador, contribuem para uma inserção e integração social dos jovens. Não tenho dúvida que se existissem à minha época, iria “enlouquecer” meus pais para ter tais equipamentos. E a política e a consciência social? Comparativamente, creio que a juventude atual detém mais informações do que detinha a geração anterior. E, ponto importante, tem uma visão muito mais crítica, mais real da política. Consequentemente, tem uma perspectiva mais realista, menos utópica, o que é bom e é ruim ao mesmo tempo. Bom porque não alimenta ilusões sobre o papel dos políticos e governantes, mas ruim porque não contribui objetivamente para a superação deste quadro de pobreza cívica. Outro ponto importante que distingue politicamente as duas gerações. A geração anterior contribuiu para a redemocratização nacional. Enquanto que a atual geração tem desafios pontuais a serem superados, a exemplo da praga da corrupção, da questão ambiental, da redução dos impostos e da criação de empregos. Questões cruciais nos dias de hoje. Finalmente, tocante aos vícios. Ao consumo de bebidas alcoólicas, em especial. Neste ponto, a geração anterior perde de goleada. Não que não houvesse os pinguços. Mas eram sempre os mesmos. Porém, nunca se bebeu tanto entre os jovens quanto hoje. Inclusive as mulheres. Parece que é impossível fazer uma reunião de amigos sem bebidas. Acho que é natural haver uma idealização de nossa infância, de nossa juventude, de nossas relações, por exemplo. Afinal, cada época tem seus atrativos e suas circunstâncias. Esta valorização do passado é uma ação preventiva e defensiva contra os dissabores que o futuro (e a velhice) nos reserva.

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