05 setembro 2012

Política: efeitos colaterais

Há unanimidade de opinião acerca do evidente empobrecimento do debate político. Um dos sinais mais expressivos dessa miserabilização se opera através da linguagem. Passo seguinte, ocorre a intoxicação de aspectos morais e políticos. Baixa linguagem, decadência cultural, moralidade e política rasas interagem e se autodegradam, paulatinamente. Acredita-se que é um fenômeno irreversível e conseqüência da comunicação de massa. A diversidade sócio-cultural das platéias determina o baixo nivelamento da linguagem adotada. Questão discutível. Em comum, porém, a vulgaridade. A incorporação do vulgar, do grosseiro, da insolência, e, às vezes, até da violência verbal, rompe a barreira do razoável e contamina as idéias político-ideológicas. Para pior. Evidentemente, alguns políticos (e candidatos e partidos), em defesa própria, contra-argumentam se autointitulando como autênticos. Quando, na verdade, são apenas grosseiros. Isso quando não alegam algo pior e irresponsável: de que falam a linguagem de seu público! Logo, o que deveria ser uma tarefa de alto nível e de politização popular, provoca o efeito contrário. O debate desanda e as ofensas surgem inevitavelmente. O adversário passa ser um inimigo. Os diálogos necessários dão lugar aos cansativos e agressivos monólogos. E as divergências político-partidárias passam a soar como insultos e provocações. Então, qual a grande conseqüência desse processo de rebaixamento da política? Demagogia e intolerância. A grande ironia desse processo de degradação é que ele parte e é liderado justamente por aqueles setores e mecanismos que deveriam ser exemplares. A política, as eleições, os partidos e os candidatos. Afinal, serão os futuros líderes e comandantes de municípios, estados e a própria nação. Mais grave: investidos nas funções formais de representação e poder de estado. A conjunção de fatores negativos é terrível. Se há a degradação da palavra, dos costumes e das idéias políticas por intoxicação e contaminação, e vige, afinal, a demagogia e a intolerância, restam no poder os mais servis, sob a liderança dos novos déspotas, e se afastam os cansados e dissidentes do autodestrutivo processo. E restam vitimados o pensamento crítico e a democrática divergência. Situações e razões mais do que suficientes para prestarmos atenção no presente processo eleitoral, nos partidos, nos candidatos, nos seus discursos e promessas, de modo que resulte um voto de qualidade, renovação e esperança.

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