09 março 2013

Antipolítica

Sob a liderança da ex-senadora e ex-ministra Marina Silva foi criado um novo partido, chamado de Rede Sustentabilidade. No ato público de apresentação foi dito que nascia graças à insatisfação popular com o modelo político atual. E que não é nem de direita, nem de esquerda, e que não descarta apoiar idéias e projetos de partidos da base governista ou da oposição. As chamadas alianças pontuais. "Nem posição, nem situação, nós precisamos de pessoas que tenham posição”, diz Marina. O momento de sua criação e os discursos indicam que a inspiração do novo partido decorre de sinais e fatos que já ocorreram e continuam ocorrendo em outros países, conseqüência do ativismo político-midiático das novas gerações e cuja ação decorre das modernas tecnologias de informação e comunicação. Entre os sinais e fatos destacam-se, por exemplo, já em 2008, na Alemanha, a ascensão e ativismo digital do partido pirata - até o momento o mais bem sucedido eleitoralmente, liderados pela geração facebook, e cujo objetivo principal é a democracia digital. Hoje já são mais de cinqüenta partidos pirata pelo mundo. Na mesma linha e ritmo, nas recentes eleições italianas o fenômeno se repetiu com o sucesso eleitoral do MV5, partido do humorista televisivo italiano Beppe Grillo. O MV5 obteve surpreendentes e extraordinários 25,5% dos votos. E isso que se negou a fazer propaganda nas maiores redes de TV. Genericamente, os denominados partidos pirata fazem a antipolítica. Mas o que seria a antipolítica? O que pode significar? Se partirmos do pressuposto que a prática política em geral se constitui sobre uma série de ações e posições de poder econômico, cultural e político – cuja eficácia não precisamos discutir nesse momento, devemos admitir, entretanto, que existem, marginal e alternativamente, outras tantas posições possíveis, quer sejam de resistência ou não ao estado formal e suas praticas políticas e governamentais. Evidentemente que as posições alternativas, ou de resistência, nascem de inconformidades com a decadente situação atual e podem contrariar interesses e lideranças (e partidos) tradicionais e hegemônicas. A antipolitica poderá ser uma nova utopia, a possibilidade de revitalização das idéias e das esperanças. Principalmente, poderá desmascarar um tradicional (e fraudulento!) discurso político, que afirma que os interesses da classe política são idênticos aos interesses da comunidade. Ou que os interesses do estado se equiparam aos objetivos da população. Ambos falsos! O escritor húngaro (e contestador do então imperialismo soviético) George Konrad (1933) definiu a antipolítica como “uma força moral da sociedade civil que articula a desconfiança e rejeição públicas do monopólio de poder da classe política dentro do Estado – um poder usado contra as populações através de legislação. Esta força moral não pretende derrubar o poder político, mas opor-se à opressão que ele exerce sobre as populações”. .

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