15 abril 2015

Como é possível?


Com o controle sistemático da inflação (agora em situação de risco) e a consequente estabilização e equalização dos preços de mercado, são perceptíveis um superfaturamento e uma nota fiscal suspeita. Mesmo para um observador amador!

Qualquer processo que abrigue um contrato, suas cláusulas e aditivos, cotações de preços de mercadorias e serviços, passa por vários degraus administrativos e dezenas de auditores internos e externos, servidores públicos e seus “carimbos”.

Então, como é possível que orçamentos originais explodam e ultrapassem cem, duzentos, trezentos ou mais por cento de aumento em aditivos contratuais?

O exemplo mais recente, a Petrobrás, seus contratos e refinarias superfaturadas, é apenas um negócio entre centenas operados pelo governo federal. Ainda que em escala menor, tais situações se reproduzem em estados e municípios.

Então, na sucessão dos escândalos e golpes financeiros, como é possível que ninguém os percebesse e denunciasse previamente?

Será efeito de nosso elástico senso ético-moral, marcado de conivência, complacência, silêncio e omissão? Ou a resposta é mais complexa, histórica e comportamental, e guarda relação com “nosso jeitinho de ver e fazer as coisas”, e com o clássico “não tenho nada a ver com isso!”?

Afinal, se Lula, Dilma e Graça, por exemplo, e demais ex-presidentes e diretores, não tinham obrigação de saber, por que outros escalões haveriam de ser mais realistas que o rei em algo que “sempre funcionou assim"?

Se práticas do passado e o corporativismo funcional explicam o comportamento e a omissão na vigilância dos atos de corrupção, hoje não deveria ser diferente?

Os modernos meios de informação e comunicação, a digitalização de todos os processos administrativos e as gestões horizontalizadas, não facilitam a constatação de possíveis fraudes e a consequente denúncia, ainda que fosse de forma anônima e nas redes sociais, por exemplo?

Ou será que os servidores públicos, sem dúvida, honestos e dedicados, temem as chefias e possíveis perseguições funcionais?
Ou tal omissão será um reflexo do histórico ditado que sempre regeu verticalmente nossas estruturas de poder, qual seja: “manda quem pode, obedece quem tem juízo!”?




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