29 julho 2015

O Caso Sinara


Faz um ano. Julho de 2014. Sinara Polycarpo Figueiredo, da área de investimentos do Banco Santander, divulgou uma carta aos seus clientes de alta renda. Alertava para um conjunto de indicadores econômicos desfavoráveis que poderiam se agravar com a reeleição de Dilma.

Resumidamente, dizia a carta: “A economia continua apresentando baixo crescimento, inflação alta e déficit em conta corrente (...) quebra de confiança e o pessimismo crescente (...) o câmbio voltaria a se desvalorizar, juros longos retomariam alta (...) deterioração de nossos fundamentos macroeconômicos”.

Como estávamos em meio ao processo eleitoral, o comando do PT e Lula “apedrejaram” a analista econômica e pediram sua demissão.

Disse Lula na ocasião: “Essa moça não entende porra nenhuma de Brasil e de governo Dilma. Manter uma mulher dessas num cargo de chefia, sinceramente… Pode mandar ela embora e dar o bônus dela para mim”.

De modo covarde, a direção do banco submeteu-se a pressão e demitiu a funcionária (e três colegas). Nos dias seguintes, o banco fazia um anúncio público pedindo desculpas pelo texto.

Cinicamente, disse mais o banco: “... nossas análises técnicas não se submetem a qualquer tipo de pressão externa (...) as pessoas foram demitidas porque (...) não podemos nos manifestar sobre tema político-partidário”.

A atitude de Lula e do banco é daqueles atos simbólicos que repercutem social e negativamente porque fragilizam dois importantes alicerces sociais: a credibilidade e a confiança.

Quando profissionais e entidades importantes se submetem a pressão (demagogia, patrulhamento e fanatismo político-ideológico, por exemplo) a nação está em vias de degradação.

Sinara demonstrou conhecimento técnico. Suas previsões restaram confirmadas. Câmbio, dólar, juros, inflação, todos em alta. Crescimento negativo e endividamento público. E a atual crise político-institucional como resultado final.

Censurados, patrulhados e humilhados, os demitidos acionaram a Justiça pedindo reparação por danos morais e materiais, além de reintegração funcional. Mas, Lula, Dilma e os demais inquisidores pedirão desculpas?

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