05 agosto 2015

Façanhas Gaudérias

As contas públicas do Rio Grande do Sul convivem com uma crise estrutural faz uns 40 anos. Já que os milionários poderes Legislativo e Judiciário fazem de conta que não têm nada a ver com o assunto, sempre resulta vitimado e responsabilizado o Poder Executivo. E o Governador, por consequência.

Os ex-governadores Antônio Britto (PMDB) e Yeda Crusius (PSDB) até que tentaram algumas soluções e encaminhamentos, mas sofreram forte oposição. Britto foi mais ousado. Conseguiu realizar algumas privatizações e concessões, a exemplo de CRT, CEEE e os pedágios.

Não foi além porque alguns segmentos partidários ainda cultuam ideias estatizantes de 1950 e sobrevivem politica e eleitoralmente com seus currais sindicais.

A comprometida gestão Yeda Crusius (devido ao escandaloso caso DETRAN-Operação Rodin) teve, entretanto, o mérito de reorganizar minimamente as finanças públicas.

Porém, na gestão Tarso Genro (PT) retornou o populismo, “detonando” gravemente as possibilidades de equilibrada (ainda que precária) gestão futura.

Além de sacar todos os recursos disponíveis no caixa único e dos depósitos judiciais, estourou o limite de endividamento e promoveu aumentos salariais a diversas categorias até o ano de 2018.

Um desrespeito à lei de responsabilidade fiscal, com o irresponsável e demagógico apoio dos deputados estaduais. Agravaram o déficit público e legaram ao atual governo um expressivo aumento da folha de pagamento.

De parte do governo federal e do Congresso, convém lembrar, herdamos a introdução do piso nacional dos professores (que os estados não conseguem cumprir!) e que no RS vai gerar ações trabalhistas e expressivo débito judicial (R$10 bilhões, calculados até dezembro de 2014).

E assim chegamos à fatídica semana. O assustado governador Ivo Sartori (PMDB) foge da responsabilidade de comunicar pessoalmente o povo gaúcho, os sindicatos (principalmente das forças policiais) ameaçam a população sonegando-lhes o serviço e, finalmente, a catastrófica e sádica mensagem do Banrisul oferecendo crédito (com juros!) aos servidores que não receberam a totalidade de seus salários. Em comum, a falta de responsabilidade e sensibilidade social.

Talvez devêssemos deixar de cantar o hino rio-grandense por alguns anos. Até arrumar a “casa”. Afinal, nossas façanhas não servem de modelo a toda terra!

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