01 abril 2006

Admirável Mundo Novo – I

“Tudo oferece um sentido, senão nada tem sentido”
Lévi Strauss

A emergência de graves e rápidas transformações mundiais - nos últimos vinte anos, em sua maioria conseqüências da redefinição e reestruturação do papel do Estado e da intensificação/mundialização/globalização da economia, deflagraram um conjunto de alterações na sociedade, de absoluta amplitude, que perpassam questões sociais, econômicas, políticas e culturais, principalmente, e geram uma (re)novação nos papéis e nas abordagens de várias categorias profissionais e sociais.
Concomitantemente, vivenciamos e experimentamos revoluções intestinais na nossa sociedade. Destacam-se, por exemplo, a inserção da mulher no mercado de trabalho – e a influência de sua renda na pulverização do machismo, a decadência do pátrio poder, a adultização do menor e/ou o fim da infância, a competitividade intra-familiar, enfim.
O conjunto destas transformações que estamos vivenciando coincidem com a intensificação das relações e capacidades comunitárias de produzir, trocar e gerenciar conhecimentos, utilizando, sobretudo, as novas tecnologias de informação e comunicação.
E assim, suscetíveis às novas idéias e iniciativas, as pessoas, e as organizações, principalmente, aprendem - asseguram as modernas teorias sobre gestão do conhecimento e cultura organizacional – e estabelecem espaços de aprendizagem, de produção de bens, serviços e valores.
Exemplarmente, esta nova sociedade tem como pressuposto e assentamento a associação com projetos sociais, econômicos e culturais, preferencialmente com políticas definidas e demandas auto-sustentáveis. .
Neste contexto, inserem-se, igualmente, aspectos geopolíticos, ou melhor dizendo, concretiza-se uma (re)definição das fronteiras e participações relativas de diferentes povos, de diferentes línguas. Constituem-se, portanto, as redes mundiais de aprendizagem permanente, ricas em oportunidades de capacitação de indivíduos e organizações.
Como a incidência e a ocorrência desses processos não obedece a nenhuma ordem ou seqüência espacial ou temporal, emerge, paradoxalmente, um imbricamento, um encontro, uma interpenetração do global e do local. O professor Boaventura de Souza Santos sugere a ocorrência de “um localismo globalizado e um globalismo localizado”. Resumindo, o localismo globalizado seria uma bem sucedida globalização de um fato ou fenômeno local, enquanto que o globalismo localizado seria revelado pelo impacto de práticas transnacionais sobre condições locais.
Continuamos semana que vem.

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