14 dezembro 2006

Bolsa-Oposição - II

O Governo Lula consolida a participação do PMDB(e quem mais vier) na sua base de apoio, ofertando-lhe maiores e inúmeras vantagens materiais na estrutura administrativa do poder de Estado. Negócio bom para as partes. O PMDB obtém mais poder e disponibilidade orçamentária(e de nomeações), enquanto que o PT amplia sua base de apoio no Congresso, na expectativa de aprovar seus projetos.

Prejudicados apenas os representados, isto é, os eleitores de ambas as partes. Em primeiro lugar, porque há um descumprimento e desrespeito dos papéis institucionais reservados aos mencionados partidos; isto é, um de governar, e o outro de fazer oposição e fiscalizar. Em segundo lugar, fica aquela sensação incômoda de quebra de confiança e delegação, confirmando a máxima popular de permanente desconfiança.

Bem, este é um lado da “coisa”. De outro lado, argumentaria um hipotético defensor governamental que trata-se apenas de consolidar uma maioria congressual, capaz e suficiente para promover um conjunto de reformas inadiáveis e importantes para a nação.

Mas qual é o conjunto de reformas inadiáveis e importantes para a nação? Qual é a natureza das reformas e quem são seus possíveis “perdedores”(pagadores) ou “vencedores”(beneficiários)? Há reformas consensuais num país com tantas disparidades, com tantos “feudos”? Quais são as rupturas necessárias para a viabilização de um país mais justo?

No meu entendimento, este é o debate que deveria anteceder a formação das alianças. A definição do conjunto das reformas e o balanço de perdas e ganhos sociais, possibilitando uma visão de conjunto, suficiente para a compreensão e avaliação do povo, e, sobretudo, a responsabilização partidária.

Por enquanto, a depor contra a iniciativa das partes, é nosso histórico político-partidário. Sabem todos que a prática política tem os olhos (e a conduta) voltados para o futuro, isto é, o político não é o que tem sido, nem é o que foi ontem, mas é o que pode vir a ser. Importa-lhe a sobrevivência, custe o que custar

Nenhum comentário: