15 setembro 2007

Traduzindo Renan

Necessariamente, este artigo traduz minha sensação e opinião, influenciadas e tingidas pelas cores de esperanças e experiências pessoais.

Tenho grande gosto pela política, como um dos meios de construção da história e dos destinos de uma nação.

Começo dizendo isto, antes de aprofundar o tema propriamente pensado, para que você o leia e interprete com o devido distanciamento, como qualquer leitura recomenda.

Quero tratar acerca de nossa pátria, de nosso país, de nossas esperanças e de nossas renovadas desilusões.

Recorrentemente, de modo a justificar a estagnação, fala-se muito das origens multiétnicas, da trágica e não superada escravidão negra, das persistentes diferenças regionais e das profundas desigualdades sociais.

Esta realidade multifacetária reflete-se, como espelho, em nosso comportamento dúbio e relutante nas oportunidades de enfrentamento e tentativa de superação das adversidades.

Pior: a imagem refletida funde-se com esse comportamento, e, como sala dos espelhos – aquela de parque de diversões, se reproduz ininterruptamente e cada vez mais disforme.

Consequentemente, já não sabemos mais quem somos, nem nos encontramos ou identificamos racionalmente. Trabalhamos, pensamos, agimos, reagimos, opinamos, criticamos sobre imagens distorcidas.

Assim desfocados, somos vocacionados para a transferência de responsabilidades, ora culpando o passado, ora responsabilizando a má-sorte, e quase sempre a política(os políticos), esta personalidade principal e imagem refletida de todos nós.

A propósito dos políticos e seus mandatos, seu renovado péssimo comportamento, parece, sempre, que descem sobre nós e nossos destinos como que sem pai nem mãe, como que abençoados por votos fantasmas que ninguém sabe de onde surgem. Anjos protetores e sedutores que se transformam em demônios, algozes das esperanças mais nobres.

Face ao meu otimismo político, uma vez um amigo me disse uma frase; os anos passam e passam e ela não me sai da cabeça:

“- Por que tu achas que o Brasil deva dar certo? Por que deveria dar certo? Inúmeras civilizações na história da humanidade não deram certo!"

O diabo é que o sujeito tem razão! Objetivamente, o que estamos fazendo para que o país dê certo? E porque insistimos em achar que deva dar certo ao natural?

Isto não existe. É delírio coletivo, é pura imaginação nossa. É a imagem distorcida tratada como se realidade fosse.

As coisas não acontecem naturalmente ou porque são destinadas. O destino é algo a ser construído, objetiva e racionalmente.

E, então, o que fazer?

Se é que em algum momento saímos da sala dos espelhos, talvez devamos retornar e quebrá-los, eliminando as imagens distorcidas, uma a uma.

O filósofo alemão Ernst Bloch(1885-1977), em seu livro “O Princípio Esperança” disse: “A esperança fraudulenta é uma das maiores malfeitoras da humanidade.”

Nenhum comentário: