11 dezembro 2007

Decifra-me ou te devoro!

Em 2003, o Brasil possuía 34 milhões de jovens com idade entre 15 e 24 anos (19% da população). Garantir-lhes o bem-estar e um futuro promissor é, hoje, o maior desafio da sociedade brasileira, possivelmente.

É comovente e preocupante a percepção acerca da crise de identidade de uma geração. É claro que sua constituição e afirmação são questões inerentes a todas as gerações, alternando-se os períodos de maior e menor dramaticidade.

Os jovens estão carentes de caminhos e alternativas de inserção e constituição social e pessoal. Trata-se de um contingente humano expressivo que demanda (rá) acesso à saúde, educação, inclusão social e trabalho.

É uma tarefa complexa e um desafio que ultrapassa o dever constitucional do Estado. Em verdade, alcança e envolve a consciência ética e a responsabilidade das famílias e da comunidade.

A verdade é que não nos preparamos para seu acolhimento, e nem dispomos de condições atuais para a sua realização pessoal.

Não bastasse a notória e atual incapacidade familiar no trato das questões domésticas, agregam-se o desemprego, a violência e o consumo de drogas como exemplos de nossa imprevidência.

Podemos acrescentar à explosiva receita a precariedade e a descontinuidade educacional. Verso e reverso de um mesmo espelho!

Para superar esse estado de marasmo e perplexidade sucedem-se algumas (poucas) ações de mobilizações da juventude de caráter participativo e convocatório.

Talvez o primeiro desafio consista no estabelecimento e construção de uma linguagem comum à (caótica) modernidade, capaz de transformar-se no portal de acesso da juventude.

Mas isso importa em estudar, compreender e ser tolerante com seus códigos de linguagem, seu senso estético e cultural, seus valores morais e éticos.

A rigor, trata-se da (re)construção da esperança de superação do atual sentimento de conformismo, submissão e exclusão.

Afinal, e infelizmente, a começar pelo ambiente familiar, os jovens percebem as dificuldades e as conseqüências da realidade.

Explicando o título: Édipo, personagem trágico do poeta grego Sófocles, deve salvar Tebas, uma cidade subjugada por uma esfinge (monstro mitológico) que ameaçava o povo de fome e de peste. Édipo teria que resolver o enigma proposto pela esfinge. Édipo pede ajuda ao adivinho Tirésias, que apesar de cego enxergava a verdade. Tirésias diz a Édipo:

"- Os dois olhos que tens pouco adiantam, pois não vês a miséria que te cerca; em teus olhos, que pensas ver claro, contém uma treva irreversível".

Agora a esfinge está às nossas portas!

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