03 março 2008

Choradeira política

Os que exercem os poderes de estado, em todos os níveis de representação – ocupantes de cargos em comissão, vereadores, prefeitos, deputados, governadores, senadores, e o próprio presidente da república, expõem publicamente seus cargos e suas pessoas, sobretudo quando são criticados e investigados os seus atos.

Comumente, essa exposição pública se dá através dos meios de comunicação. Ultimamente, também por intermédio das ações dos órgãos policiais e de justiça.

Essa exposição pessoal se torna ainda mais acentuada quando há envolvimento e acusação de atos de corrupção e outras graves irregularidades de gestão.

Daí que quando ocorrem estes eventos de “pegação no pé” dos políticos, eles costumam reclamar e alegar perseguição. Pura choradeira!

Relembrando: quem exerce o poder são os mandatários dos cidadãos, encarregados da coisa pública e dos atos de gestão e interesse público.

Mandante é o cidadão. Mandatário é o homem público, o político. Assim sendo, a qualquer tempo os mandantes podem verificar, averiguar e questionar as condutas dos mandatários.

Ademais, a desconfiança produz um cidadão mais vigilante e que tem o direito de imiscuir-se nas atividades dos políticos.

Afinal, pergunta-se: há exageros de parte da população e da imprensa nas críticas e na divulgação dos atos duvidosos e suspeitos de nossos representantes políticos?

Este assunto não é novo. Inclusive, desde sempre, é objeto de recurso às altas cortes judiciais. Tanto de parte da sociedade lesada, quanto do dito ofendido pelo povo e a imprensa.

Na Suprema Corte dos Estados Unidos, onde são comuns os processos e as demandas judiciais acerca de imagem e ofensa pessoais, foi afirmado: "Algum grau de abuso é inseparável do devido uso de qualquer objeto e, em nenhum caso, isso é mais verdadeiro que no caso da imprensa”.

Ou ainda, como disse Lorde Acton, o professor e historiador inglês John Dalberg (1834-1902): "Não há pior heresia que a de crer que o poder santifica quem o tem".

Você não conhece ou lembra de Lord Acton, mas conhece sua frase mais famosa: “O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente!”.

Nem os reis, nem os papas escapam às regras e, por isso, Lord Acton não os considerava merecedores de melhor tratamento.

Às vezes, pode ser ingrata e injusta a submissão política a estes critérios e julgamentos. Porém, ocorre que o sujeito buscou o poder por que assim o quis. Por vontade pessoal. Ninguém o obrigou!

Em todo o caso, esse processo quase inquisitivo é bom para o funcionamento do sistema representativo e republicano. Melhor que o comportamento daqueles que deixam de tomar uma atitude porque "as coisas sempre foram assim!”.

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