15 agosto 2008

A Nova Agenda Política

Eleições são sempre uma ótima oportunidade para a (re)localização das idéias políticas, suas conceituações, atualidade e eficácia.
Em meus recentes artigos, sob o título de “O Próximo Voto” e “Política e Governo no Século 21”, apresentei algumas demandas e conceitos atuais sobre a gestão pública e a política. Hoje exponho outros aspectos também importantes.
Faz tempo que há uma nova e urgente agenda pública e social, baseada na reconfiguração mundial da teoria e organização de Estado e inspirada no conjunto das relações globalizadas.
As profundas alterações na sociedade, que perpassam questões sociais, econômicas, políticas e culturais, têm gerado uma (re)novação nos papéis e nas abordagens das pessoas e dos grupos.
Essas transformações que estamos vivendo coincidem com a intensificação das relações e capacidades comunitárias de produzir, trocar e gerenciar conhecimentos, utilizando, sobretudo, as novas tecnologias de informação e comunicação.
Suscetíveis às novas idéias e iniciativas, a maioria das organizações se esforça para buscar e aprender novas teorias e práticas de gestão do conhecimento e de cultura organizacional. Consequentemente, estabelecem novos modelos de aprendizagem, de produção de bens, serviços e valores.
Essa proliferação de organizações e demandas sociais determina um novo lugar para a idéia de poder, até então destinada ao Estado. A rigor, constituem e empoderam a sociedade civil organizada.
Nos últimos anos, entretanto, face à incondicionada adesão do Estado (união, estados e municípios) às regras transnacionais de mercados e finanças, fato que contribuiu para a precarização das funções públicas, muitos e irresignados movimentos populares ainda demandam soluções, prioridades e ações de governo.
Não esqueçamos que expressivas camadas da população ainda se encontram marginalizadas pela inexistência de meios objetivos de expressão política e inclusão sócio-econômica. Sem contar que inúmeros, atuais e crescentes mecanismos de exclusão [não estancados!] aumentam esses grupos!
Assim, face às limitações da voluntariosa ação social e à natureza dos fenômenos de exclusão social, somente com uma ampla e vigorosa ação de estado será possível enfrentar esses desafios.
Relembre: são questões que contradizem e contestam as oficiais estatísticas otimistas e apontam para os precários e instáveis laços de convivência social e econômica dos diversos Brasis.
Neste sentido, a política (e os políticos) está desafiada à proposição de novas reflexões, principalmente para a definição de inovadoras e eficazes políticas públicas e a formulação de projetos consistentes de futuro para o país.
Repetindo o que já dissera: é um cenário que exige muita mobilidade e criatividade. Afinal, o governo já não é mais o centro isolado do poder. Trata-se de reinventar a própria política, reinventar o governo!

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