01 agosto 2008

Somos, de fato, uma nação?

A inoperância estatal e os sucessivos escândalos que irrompem em todos os níveis das estruturas de poder ainda não são suficientes para acordar a nação brasileira.
Apatetada, a sociedade limita-se a observar o circo diário das cinematográficas denúncias e prisões, o algema-não algema, o entra e sai de delegacias, e o dá-não dá habeas corpus. Briga de cachorro grande pelo naco principal da “carne”!
“A carne” em questão e a fonte de toda a roubalheira é o tamanho do estado e sua imensa gula. Afinal, são mais de cem (100) o número de taxas, contribuições e os tributos arrecadados da população. Rica ou pobre, não importa!
Mês após mês, ano após ano, sucedem-se os recordes de arrecadação. É o verdadeiro e deprimente espetáculo do crescimento! O crescimento da extorsão oficial!
Escravizada pelo sistema legal e tributário, a população assiste a corrupção disseminada e o dinheiro restante escorrendo pelos ralos governamentais.
De modo que o povo e suas demandas são meras abstrações. Governo e políticos, em geral, discursam sobre o otimismo e a esperança. Pura anestesia. Puro ilusionismo!
E aqueles que poderiam mudar as leis e o destino da nação, continuam legislando renovados tributos e descumprindo sua tarefa principal que é a fiscalização do Poder Executivo.
Mas o mais surpreendente é o alastramento e a imensidão do silêncio e da omissão. Não só dos formalmente investidos para promover o bem público, mas, sim, de todos nós!
Nesse quadro de escravidão tributária e legislativa, abusos e corrupção a que estamos submetidos, qualquer nação já estaria em situação de levante e desobediência civil.
Em 1919, em sua segunda campanha presidencial, Rui Barbosa disse: “consideram o nosso país e o nosso povo como um país de resignação ilimitada e eterna indiferença, povoado por uma ralé (...), concebidos e gerados para a obediência".
Extras: (1) A Polícia Federal prende um “figurão” (Dantas) e na seqüência se reúnem o Presidente da República, o Presidente do Supremo Tribunal Federal e o Ministro da Justiça. Como assim? Por quê? Para falar sobre o quê???
(2) Depois, o governo “grampeia”(!!!) uma conversa entre o seu próprio delegado (Protógenes) e um superior e faz um vazamento seletivo para “provar” que o afastamento de Protógenes era por livre e espontânea vontade!
(3) Mais tarde, o Ministro da Justiça, Tarso Genro, diz que Dantas terá muito trabalho para provar sua inocência. O Ministro da Justiça “esquece”(!!!) um princípio básico do sistema penal - a presunção de inocência dos réus. Quem tem que provar a culpabilidade de Dantas é a Polícia Federal e a Promotoria Pública!
(4) Ainda mais tarde, o mesmo Ministro da Justiça diz que devemos nos “acostumar(!!!) com o seguinte: falar no telefone com a presunção de que alguém está escutando!”.
Pergunto eu: isso é uma república? somos, de fato, uma nação?

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