31 outubro 2008

Nas Ondas da Crise Mundial

Nosso sempre e bem-falante presidente Lula dissera que era apenas uma marola. Acordado a tempo de seus delírios megalomaníacos, enfim, fica sabendo que se trata de vários e consecutivos tsunamis.
Quando uma crise financeira atinge a maior economia do mundo, com certeza ela será planetária, quer queiram ou não os ufanistas tupiniquins.
Enfim, o problemão do (adeus!) Bush também é o nosso problema. Afinal, não se trata apenas de uma crise de financiamento.
Produção em marcha lenta e novos investimentos reestimados são os sinais exteriores de um cenário pessimista e sem previsão de término.
O FMI já disse que não é uma crise passageira. Sua previsão é de dois anos, no mínimo. E cuja solução não será com receitas tradicionais do mercado liberal.
Possivelmente, entre as receitas estão e estarão ações reguladoras de juros e créditos, admissão e fixação de déficits orçamentários, bem como a nacionalização de bancos.
Mas o elemento mais significativo dessa crise é sua repercussão na geopolítica mundial de modo a provocar uma reorganização progressiva das relações produtivas, econômicas e financeiras.
Quando se fala de reorganização das relações produtivas e comerciais, se está falando dos interesses e do futuro dos ditos países emergentes, a exemplo da China, da Rússia, da Índia, do Brasil e do México, principalmente.
Mas se pode, e deve, incluir a Tailândia, Indonésia, Malásia, Singapura e Filipinas, fundadores da ASEAN - Associação de Nações do Sudeste Asiático.
Objetivamente, trata-se de aproveitar a crise para determinar um novo patamar qualitativo e quantitativo de participação nos negócios mundiais.
Sabemos que esses mencionados países gozam de inúmeras vantagens comparativas no comércio mundial e globalizado, a exemplo de mão de obra e insumos básicos baratos.
De modo que o desafio das lideranças políticas, diplomáticas e empresariais brasileiras, é compreender, analisar e agir agudamente para favorecer e garantir nossa inserção plena no (novo?) capitalismo pós-crise.
E para começo de conversa, devem encontrar respostas para algumas perguntas que não querem calar. Está em curso uma decadência norte-americana (e ocidental) na economia mundial?
A histórica e dominante prevalência político-econômica dos Estados Unidos, Europa e Japão está realmente em crise?
Quais as alternativas hegemônicas que poderão se candidatar e prevalecer na ocupação desse possível (e provável?) espaço de poder?
Alguém é capaz de estimar e calcular qual o custo político, social e econômico de uma inserção vigorosa na ordem mundial?
Entre marolas, ondas e tsunamis, a verdade é que estamos diante de um imenso iceberg. Descobrir e avaliar a dimensão de sua face submersa e seu rumo inercial pode ser a diferença entre permanecer no passado ou rumar ao futuro.

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