10 janeiro 2009

O paradoxo entre política (nacional) e economia (mundial)

A crise financeira mundial em curso, e que a todos afeta, direta ou indiretamente, ainda produzirá muitos estudos, procedimentos e diagnósticos no futuro próximo.
Entre as razões objetivas e subjetivas da crise é possível detectar aspectos de difícil solução/conciliação e que podem ter contribuído para sua explosão e dimensão.
Por exemplo, há evidentes conflitos e divergências operacionais entre a política (nacional!) e a economia dentro de um cenário de mundialização/globalização (da economia!).
A rigor, o espaço e o exercício da política é amplamente realizado no âmbito nacional, enquanto a economia, suas decisões e inflexões, opera extraterritorial e mundialmente.
Um exemplo de conflito fica evidente na contraposição dos interesses de empresas multinacionais, ou nacionais com vocação importadora/exportadora, interessadas no livre comércio e no movimento de capitais, mas sujeitas e influenciadas por legislação e sindicatos protecionistas e submetidas às condições da política nacional.
Regra geral, significa dizer que a política nacional atua como um freio à tendência mundial do livre e abundante comércio.
Nesse paradoxo de vontades, política e economia acabam por opor forças e anular esforços. Consequentemente, travam um “diálogo” impossível.
Atores e ações em torno da mundialização da economia têm dificuldades de se contrapor aos movimentos e processos políticos internos nacionalistas e protecionistas.
Os movimentos e processos políticos nacionais têm compromissos e ambições que vão além dos aspectos econômicos e financeiros, de modo que, quase sempre, incompatíveis com as vontades e tendências globalizantes.
Esse conflito de interesses (e representações) gera uma dialética própria, dominada pela política nacional, porém com grandes prejuízos aos projetos de ampliação do livre comércio mundial, por sua dificuldade e incapacidade de interlocução e superação.
Com certeza, a superação desse difícil paradoxo integra a agenda dos chefes de estado através das reuniões dos famosos grupos (G-8), agora G-20, com a participação de China, Brasil e Índia.
Essa reunião de nações tem no horizonte os grandes desafios econômicos e sociais da atualidade. Mas, em verdade, é a política nacional de cada nação levada ao cenário e confronto mundial.
De modo que, face à atual crise, se mantém todas as expectativas, embora pessimistas, de que oportunamente possam advir medidas conciliatórias e eficazes para contenção dos “estragos” que algumas políticas nacionais provocam no cenário mundializado da economia.

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