17 julho 2009

A Nova Escravidão

A falta de uma boa educação básica é a principal razão e explicação para a grande desigualdade social e econômica entre os brasileiros.
O ensino público brasileiro é de baixa qualidade. Essa carência exclui as pessoas de melhores oportunidades de emprego e salário, e aumenta a segregação social.
De cada quatro brasileiros, três não completam o ensino médio. E entre os maiores de 15 anos, 20 milhões são analfabetos.
Isso sem contar os analfabetos funcionais. São 30 milhões. Eles conhecem as letras, mas não conseguem ler frases mais longas, nem formular idéias com alguma complexidade.
Se para os pobres a coisa está feia, para quem tem algum dinheiro não é assim tão simples. Para muitas famílias a escola privada é um sacrifício financeiro imenso.
Para se educar um filho dos 04 aos 25 anos, da pré-escola à universidade, um cidadão de classe média gasta R$ 250 mil.
Este é o custo médio das escolas particulares na educação básica e no ensino médio, somado ao que o governo gasta por aluno nas universidades públicas.
Comparando os investimentos, aluno na rede pública municipal ou estadual, o filho do pobre custa 80 vezes menos!
Bem, aqui está uma pergunta decisiva: se investimos 80 vezes menos com o que deveria ser a educação básica, como podemos esperar menos desigualdade social e econômica?
Vamos emendar outra pergunta. Para os governantes. Só para provocar. E nem vou falar de corrupção e escândalos.
Como é possível que os mesmos governantes que constroem estradas e viadutos, palácios de governo, navios e usinas nucleares, e que têm tamanha eficiência na arrecadação de impostos, não consigam manter escolas públicas de qualidade e assegurar salários adequados aos professores?
Resposta: a não solução dos problemas da escola pública (e da saúde!) é a ausência de representação política do povo.
Também a desorganização popular e comunitária contribuem para o conformismo e submissão dos cidadãos às condições dispostas e impostas pelos governantes.
A população não tem organização, não tem voz, e não tem qualidade argumentativa para exigir serviços de qualidade.
E na exata proporção de sua desorganização, de sua não representatividade, de sua não ação cívica e cidadã, ocorre o desdém governamental, ocorre a não contrapartida de ações públicas.
Voltando à educação. Não é a toa que o povo diz: se a escola pública fosse boa, os filhos dos "hômi" estudavam nela.
Geralmente, filhos de administradores públicos e políticos, mesmo os da área de educação, não estudam em escolas da rede pública.
Para se libertar dessa escravidão cultural, e para poder cobrar mudanças, um bom começo seria lembrar em quem votou e porque votou!

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