04 maio 2011

Osama: o lado B

Logo após a tragédia das torres gêmeas nova-iorquinas, muita gente, mesmo dentro dos Estados Unidos, alimentou a esperança e a utopia de que norte-americanos - nação e autoridades, melhor compreendessem seus exageros intervencionistas e agissem em sua contenção e moderação.
Mera e ingênua ilusão. O nível e a intensidade da ação e participação americana nos negócios mundiais, com repercussões econômicas e sócio-culturais, não permitem imaginar-se a viabilidade desta esperança.
Os EUA constituem-se no grande império econômico-bélico, sem precedentes na história do mundo, e não haverá de sensibilizar-se com crises de identidades de outros povos, notadamente àqueles subordinados e dependentes.
Isto significa que se dispõe a pagar o preço e o custo da hegemonia, inclusive com vidas humanas, próprias ou de outras nações.
Então, dada sua natureza intervencionista, não se limitará às suas expostas razões de combate ao terror, mas permite deduzir que haverá uma nova e forte redefinição dos papéis globais, dos territórios de dominação e da qualidade e natureza intervencionista.
O pós-guerra fria determinou aos demais países a inevitável (e seja o que Deus quiser!) convivência com uma superpotência remanescente.
Irônica e cinicamente, os EUA realizam um discurso pretensamente pacifista e universalista, e utopicamente distribuidor de progresso e renda, concomitantemente com as diárias práticas intervencionistas de natureza econômica e militar, com visíveis interesses no controle dos recursos naturais e tutela política de países periféricos, a exemplo do Oriente Médio!
O que sucede, objetivamente, é que toda nação com pretensões imperialistas se sujeita a antipatia dos “conquistados e dominados”.
Além disso, o moderno imperialismo também se impõe pela produção e distribuição dos produtos de comunicação de massa, suficientes para o estabelecimento e predomínio cultural de um meio ou modo de vida, no caso estrangeiro, resultando na perda da auto-estima dos nativos e na desfiguração da identidade nacional, entre outros pontos relevantes.
Mais recentemente, com o extremo desenvolvimento e alcance da parafernália eletrônica midiática e a abertura plena dos mercados econômicos, tais diferenças entre os povos tornaram-se flagrantes e de conseqüências imprevisíveis.
Esta experiência contraditória, o interregno entre a decadência – ou seria subjugação? - dos valores sociais e culturais de uma nação e a assimilação/sobreposição de modelos e valores estrangeiros, é comum na história da humanidade, mas revela-se particular e excepcionalmente dramática, nos dias de hoje, dada a instantaneidade das comunicações e ocorrências.

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