31 agosto 2011

Perguntas Órfãs

Passadas as lutas pela redemocratização e realizadas várias eleições presidenciais e parlamentares desde então, qual é o atual sentimento popular dominante?
Perplexidade, inconformismo e desesperança? E por quê? Porque vige o império da corrupção e da não realização das necessidades e os objetivos públicos?
Afinal, o cotidiano político hoje não é de mera luta pela sobrevivência eleitoral e o enriquecimento pessoal?
O resultado óbvio não é o descrédito nas instituições e a constante quebra de valores públicos? Assim, não é a toa que cresce o desinteresse popular?
Diante de todos os repetidos e melancólicos fatos, o grande dilema não é em quem votar, mas para que votar e porque votar?
Não há uma grave crise na política brasileira? O poder executivo não manda demais e o poder legislativo se submete demais? Não são os dois extremos danosos da política nacional?
E o mais grave, há perspectivas sobre como solucionar o impasse? As propostas de reforma não são tímidas e inconvenientes?
Desgraçadamente, o atual sistema eleitoral não é apenas para formar governos, e não para eleger os representantes do povo?
Objetivamente, é verdade ou não que o parlamento se nega a ser soberano porque o principal objetivo dos deputados é ser governo?
Em meio a esse conjunto medíocre, também não é irritante e frustrante o fato de que muitas novidades pessoais, fenômenos eleitorais bem vindos na política, logo, logo, tornam-se absolutamente iguais aos demais?
E cada frustração não se repete a mesma pergunta: afinal, quem nos representa?
Desse modo e com esses resultados, as eleições não são apenas um processo? Um “faz-de-conta”?
Porque tudo que é importante, a exemplo de mecanismos institucionais, controles, debates pluralistas, entre outras tarefas essenciais, é desdenhado e desmoralizado?
Não é um “crime” contra a boa política nacional o fato de que vige uma concepção, um pensamento, uma prática supermajoritária e hiperpresidencialista do poder político?
E que é como se fosse uma monarquia, um reinado absolutista, porque simplesmente não são admissíveis, nem podem existir interferências e resistências à livre vontade do governante?
Resumindo, os subprodutos dessa prática de política superconcentrada não são a falta de transparência, favorecimentos pessoais e a corrupção?
Não é evidente que há uma renúncia ao exercício de autonomias? E que são seguidores obedientes, o que explicaria a atração partidária e sua submissão?
E dada essa natureza da relação, serão verdadeiros aliados? Não são oportunistas e pouco confiáveis?
Será por isso que são “baratinhos” aos governos e demais poderosos, embora caros aos bolsos do povo, no sentido de dinheiro e quebra de confiança?
Encerrando, ante o descrédito da prática político-partidária e o “encolhimento” dos parlamentares e governantes, não chegamos num ponto em que devemos agir política e coletivamente?

Nenhum comentário: