15 fevereiro 2012

Isso tem outro nome!

Ao longo de várias e sucessivas eleições, os partidos ditos de esquerda, o PT – Partido dos Trabalhadores, principalmente, sempre trataram de capitalizar eleitoralmente o tema privatizações, demonizando o processo e seus defensores.
Aqui cabe um parêntese para oportuna análise: quem são os simpatizantes do estatismo e qual seu tamanho eleitoral? Como o PT não é bobo e nem são poucos os funcionários públicos, ainda que nem todos acompanhem e votem no PT, deve ser um expressivo e decisivo eleitorado.
Repito: um caso a ser examinado haja vista que há uma evidente contradição objetiva, afinal, a exceção de duas ou três, as empresas públicas prestam um serviço de qualidade discutível e preços altos. Que mesmo simpatizantes partidários e funcionários públicos em geral gozam e pagam, como todo mundo. Mas examinemos essa questão em outro momento. Vamos às privatizações recentes: os aeroportos.
Primeiramente, tocante ao elevado e festejado ágio obtido. Ágio, todos sabem, é a diferença positiva – pró-vendedor, nesse caso o governo – entre o determinado lance mínimo inicial e o preço final obtido.
Ágio de mais de 50%, ou especificamente, ágio de 673,4% (aeroporto de Brasília), 373,5% (aeroporto de Guarulhos-SP) e 159,8% (aeroporto de Viracopos-Campinas-SP), esconde outra realidade, outro significado.
Ágio dessa proporção significa que o negócio foi mal dimensionado, mal avaliado. De parte de quem vende o negócio, que avaliação é essa que proporcionou um ágio médio e final, nos três negócios, de 348%?
Outro detalhe: nas privatizações desses aeroportos, o BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social vai financiar até 80% do investimento total previsto no edital dos leilões, com prazos de 15 a 20 anos. Oitenta por cento de financiamento com dinheiro público (aliás, capital captado a juros mais elevados que os anteriores)? Mas não era para ser uma privatização?
Isso não é inédito. Já acontecera ao tempo das privatizações na gestão Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Na época, muita gente boa, coerente e cheia de bons propósitos, reclamou, chiou e fez uso político. E porque agora esse silêncio?
Faz poucos dias, comemoraram a aparição de um livro chamado “Privataria Tucana”. E agora, será que surgirá um livro com o nome de “Privataria Petista”?
Tanto nas gestões presidenciais anteriores (leia-se FHC) quanto nas recentes (Lula-Dilma), ficaram famosos os “consultores”. Os mais recentes e milionários “consultores” são José Dirceu, Antonio Palocci e Fernando Pimentel (Sempre ovacionados nos congressos do Partido dos Trabalhadores! Estranho, não?). Serão diferentes dos “consultores” das gestões presidenciais de outros tempos?
Ora, ora, minha gente. Sejamos honestos com nossas idéias e convicções. E mesmo com os nossos interesses políticos e eleitorais. Isso tudo - privatizações com ágios gigantescos e consultorias milionárias de autoridades – tem outro nome. Mais de um nome. E estão escritos no nosso Código Penal!

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