23 maio 2012

Chinelagem Ousada

Já perceberam um aspecto interessante e caricatural nessa sucessão de escândalos de negociatas e corrupção que jornais e revistas divulgam semanalmente, ao revelar encontros e gravações de conversas entre os ladrões? É um bando de manés que fazem uns trambiques fora-da-lei e sem cuidado prévio nenhum. Continuam falando aos seus telefones como se não soubessem que está “tudo” grampeado. Continuam fazendo transferências bancárias como se não soubessem que o Banco Central tem todos os dados. Continuam com suas amantes, seus amigos, seus “sócios”, suas mordomias, seus luxos domésticos e extravagâncias pessoais como se não houvesse um “dedo-duro”, um “ricardão” ou um “primo” na parada para “entregar” tudo e todos. Mas não é só isso. Já prestaram atenção na linguagem que usam? Ninguém fala direito e de modo compreensível. Não conjugam os verbos, nem dominam os pronomes. Seria compreensível e inteligente se fosse uma linguagem em código. Mas não é! Também é interessante observar que quase todos os escândalos sempre têm tido como “gatilho” de disparo personagens menores, incidentes menores, indignações menores, valores menores, e, inevitavelmente, amores não correspondidos. Lembram que ciúme em família levou Pedro Collor a “entregar” o próprio irmão Fernando. No mesmo episódio, o motorista Eriberto cumpriu papel relevante. Assim como, logo depois, as falantes ex-namoradas de Paulo Cesar Farias, o tesoureiro de Collor. Outro episódio: o desvendar da roubalheira do juiz Lalau teve como fagulha a inconformidade de um ex-genro, magoado com o não acesso ao “bolo”, aliás, surrupiado sob “as barbas e os olhos vendados” da justiça. Mais recentemente, no episódio do mensalão, o efeito dominó do escândalo petista foi acionado, involuntariamente, por um desconhecido diretor dos Correios, falante e exibicionista, embolsando a “fortuna” de três mil reais. Três mil reais!!! Mais tarde, Karina Sommagio, a ex-secretária de Marcos Valério, outra inconformada com a não participação no “bolo”, “abriu a boca e mandou tudo para o espaço”. E agora, ultimamente, o “caso Carlinhos Cachoeira”. Assim, pequenas inconformidades, inveja, a “grana que não pintou”, tudo é motivo para detonar os esquemas. Todos os motivos, menos a honra e a dignidade, a verdade e a justiça. São tão ignorantes, ladrõezinhos tão vagabundos, que não tem nível intelectual para fazer coisa de melhor qualidade. Afinal, roubar também exige um nível de excelência. Principalmente, fraudar licitações, realizar desvios e financiar seus “fantoches”. Esses nossos ladrões e seus parceiros são tão abusados na sua ignorante ousadia que eu nem sei o que é mais ofensivo para o cidadão: o roubo deles ou sua ousadia em nos ignorar e desrespeitar. Ser assaltado por uns “chinelões” desses, creio, é mais ofensivo do que o próprio roubo!

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