02 maio 2012

Economia e Política em Fogo Alto

Nos últimos dias, os brasileiros foram brindados com agudas intervenções - práticas e retóricas - governamentais na política de juros de instituições financeiras. A partir dos bancos estatais, o governo cria um clima de constrangimento aos bancos privados impelindo-os a redução das taxas aos correntistas e consumidores. Parênteses: há uma dose expressiva de demagogia nos discursos e atitudes do governo. Assunto para outro e oportuno artigo. O governo está agindo basicamente para favorecer a produção nacional. E entre os pontos de ação, além da redução da taxa de juros básica, estão medidas fiscais e aduaneiras, inibição das importações e melhoria da taxa de câmbio. Semanas antes, o governo já anunciara um pacote mais amplo de medidas de incentivo ao setor produtivo. Ampliação da desoneração da folha de pagamento das empresas, aumento de recursos para o BNDES emprestar mais com taxas menores e ações de desburocratização do comércio exterior e defesa comercial. O que parece ser uma guerra definitiva ao “Custo Brasil” é apenas uma batalha desesperada para recuperar posições no comércio internacional e na produção industrial nacional. Faz muitos anos que a indústria brasileira perde posições, principalmente no mercado interno. A indústria brasileira vive um processo de contração. Paradoxal e ironicamente num momento em que o mercado interno vive uma expansão. Os números são assustadores. Em 2011, por exemplo, o PIB cresceu 2,7%, mas a indústria cresceu miseráveis 0,3%. Taxas de investimento e aumento de produtividade têm indicadores de quinze anos atrás. Mas se há uma evolução geral da técnica e dos processos industriais, onde está a razão principal da retração industrial? O núcleo do problema está, repito, no “Custo Brasil”. O Brasil é um país caríssimo para quem quer produzir. E isso inviabiliza o crescimento e a competição. Entre os países emergentes o Brasil tem a maior carga tributária, equivalente a trinta e oito por cento de toda a produção nacional de bens e serviços. Também nossos graves problemas de infra-estrutura aumentam os custos de produção e transporte, especialmente daqueles destinados à exportação. Os próximos meses serão de enormes e nervosas tensões. Ainda que não haja uma influência direta no governo central, as eleições municipais colocarão frente a frente, e em posições adversas, inúmeros partidos e parlamentares da base aliada. Não bastasse o processo eleitoral, teremos ainda a CPI do Carlinhos Cachoeira e o julgamento do “Mensalão” pelo STF. O que significará mais notícias escandalosas e vergonha nacional. E em meio a isso tudo, a grave questão econômico-industrial já mencionada. Então, cabem algumas perguntas: qual a influência que as eleições municipais terão na continuidade e qualidade das políticas e procedimentos federais? Ou, ainda e ao contrario, qual a influência que os altos e baixos da política federal terão nos desdobramentos das eleições municipais? Os grandes interessados nas eleições municipais, deputados estaduais e federais, serão pressionados a prestar contas aos eleitores sobre o que acontece no estado e em Brasília? .

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